Greve dos bancários afeta comerciantes em Juiz de Fora
Repórter
Depois de completar 16 dias de paralisação, a greve dos bancários tem se tornado um transtorno aos comerciantes. O fluxo de pessoas nas lojas e os pagamentos das contas têm sido comprometidos a partir da dificuldade dos clientes em sacar dinheiro e solucionar problemas junto às agências bancárias.
Vendedora de uma loja de informática localizada na avenida Rio Branco, Elisângela Lacerda afirma que alguns clientes resistem em adquirir algum produto de maior valor, pois dependem da solução de pendências financeiras junto às agências. "As pessoas desanimam de comprar, porque estão esperando resolver a situação no banco. O banco trabalha para o povo e não para o governo. Eles têm que ver que a população é a mais prejudicada, e não só os donos dos bancos", contesta.
- Cemig alerta para período de chuvas e raios em Minas
- Preso suspeito de torturar esposa grávida por 24h
- Campanha Chega de Violência é lançada em Juiz de Fora
A proprietária de uma loja de calçados e acessórios, Keylla Lopes, também já começa a notar a diferença quanto ao fluxo de pessoas. "Os bancos trazem muita gente para o Centro da cidade, e se a pessoa tem dificuldades de receber, fica difícil de vir e querer investir alguma coisa", afirma a lojista.
Para a comerciante, a dificuldade para realizar os saques e o pagamento de boletos têm sido os maiores problemas. "Por mais que as lotéricas recebam, o limite é baixo. Para quem tem acesso à tecnologia do atendimento na internet é mais fácil, mas, pra quem não conhece, a situação é complicada."
O gerente de uma casa lotérica, Flávio Reis, explica que existem limites para a retirada de dinheiro e pagamentos de boletos nas agências ligadas à rede de loterias da Caixa Econômica Federal. "Na lotérica é permitido fazer saques de até R$ 500, em contas do Banco do Brasil, e de até R$ 1.500 pela Caixa. Quanto aos boletos, é possível quitar os de até R$ 2 mil da Caixa e R$ 700 de outros bancos", explica.
Mas Reis afirma que mesmo atendendo a parte do contingente que tem sido prejudicado pela greve dos bancos, a população não está satisfeita. "As pessoas estão reclamado bastante. Recebemos pessoas aqui que chegam a brigar com a gente, achando que somos culpados por não receber valores acima dos permitidos", conta.
Greve não pode afetar a economia
Por meio de nota, o advogado do Sindicato do Comércio de Juiz de Fora (Sindicomércio-JF), Rubens Andrade Neto, afirma que "embora a realização de greve seja um direito constitucional previsto no artigo 9º da Carta Magna, esta não pode prejudicar a economia da forma como está acontecendo. Mesmo diante da paralisação, cabe aos bancos oferecerem serviços essenciais para a população. O que está em jogo não é só uma relação meramente trabalhista, para discutir o aumento de salário para os bancários. Os responsáveis pela greve devem entender que há necessidade de manter um quantitativo suficiente para garantir o atendimento mínimo à população."
Além disso, Neto destaca que o início de mês é de grande movimentação financeira. "Sob o ponto de vista jurídico, os prejuízos causados podem ensejar uma medida judicial com a comprovação de todos os danos que estão sendo causados à sociedade, de forma que o direito de greve possa ser mantido, mas com a permanência de número mínimo de funcionários à disposição. Em meio a greve, os consumidores e empresários podem tomar algumas providências para evitarem prejuízos. Cabe ao consumidor entrar em contato com a empresa credora e solicitar outras opções de local e forma para pagamento, como, por exemplo, via internet, na sede da empresa, casas lotéricas, caixa eletrônico, dentre outros. Também é aconselhável que o fornecedor do produto ou serviço ofereça outros meios viáveis para que o consumidor realize o pagamento e deixe isso explícito a seus clientes."
Gerentes não atendem
O presidente do Sindicato dos Bancários da Zona da Mata e Sul de Minas (Sintraf/JF), Robson Marques, critica a posição de alguns gerentes que não aderiram ao movimento de greve e se recusam a atender a população. "Estamos mantendo 30% de funcionamento dentro das agências. Foi uma opção dos gerentes não aderirem, mas eles não querem dar atendimento ao público. Eles têm a obrigação de atender, mas focam em aplicações, em negócios, ao invés de atender a população", reage.
É o caso de Keylla. "Tive um problema administrativo, quando precisei conversar com o gerente do meu banco e infelizmente ele não me atendeu. Eu sequer tive acesso às dependências da agência, fui atendida por um dos seguranças, de forma muito gentil. É lamentável, mas quando voltarem, a gente resolve. Se a pessoa tem uma estrutura, uma reserva de caixa, ela não fica refém deste problema", relata.
Nova proposta
A Fenaban apresentou ao Comando Nacional dos Bancários, coordenado pela Contraf-CUT, nesta sexta-feira, 4 de outubro, uma nova proposta elevando de 6,1% para 7,1% o índice de reajuste sobre os salários (aumento real de 0,97%) e para 7,5% sobre o piso salarial (ganho real de 1,34%). A proposta também aumenta para 10% o reajuste da parte fixa da regra básica e da parte adicional da PLR.
As negociações, que estavam interrompidas havia um mês, foram retomadas nesta sexta-feira. A nova proposta dos bancos é a seguinte: reajuste: 7,1% (0,97% de aumento real); piso: R$ 1.632,93, que significa reajuste de 7,5% (ganho real de 1,34%); PLR regra básica: reajuste de 10% da parte fixa, que passa para R$ 1.694,00 (limitado a R$ 9.011,76) e PLR parcela adicional: 10% de reajuste (limitado a R$ 3.388,00).
Segundo informações obtidas pela diretoria do Sintraf/JF junto ao Comando Nacional, a orientação é pela rejeição da proposta na assembleia de segunda-feira, 7.
Entre na comunidade de notícias clicando aqui no Portal Acessa.com e saiba de tudo que acontece na Cidade, Região, Brasil e Mundo!