Matheus Goldoni morreu afogado, afirma delegado

No entanto, de acordo com o titular da Delegacia de Homicídios, as hipóteses de morte acidental ou morte violenta não estão descartadas

Lucas Soares
Repórter
20/11/2014

O caso do jovem Matheus Goldoni, 18 anos, encontrado morto na manhã da última segunda-feira, 17 de novembro, após ficar desaparecido por mais de 56 horas segue em aberto. Após as oitivas de dois seguranças que trabalham no Privilège, do gerente da boate e do técnico de vídeo, além de três familiares da vítima, a Polícia Civil dará continuidade ao caso nos próximos dias.

A única certeza que se tem, segundo o titular da Delegacia de Homícios, Rodrigo Rolli, é a causa da morte: asfixia por afogamento. "Ainda é muito precipitado falar em norte das investigações. A verdade é que não descarto morte violenta ou morte acidental. Já foram ouvidos os lados da Privilège e o lado dos familiares", explica o delegado.

A conclusão de Rolli se dá pois, segundo ele, "há pontos completamente obscuros e contraditórios dentro das oitivas". "Esses pontos serão esclarecidos no futuro através de acareações. Além disso, estamos conduzindo investigações paralelas para me direcionar para a possibilidade de latrocínio ou não, e descartar essa hipótese. Serão feitos novos levantamentos de locais para verificarmos se os objetos da vítima foram perdidos ou não, investigações periciais e outras acareações", comenta.

Ainda de acordo com o delegado, a família de Matheus descarta a hipótese de latrocínio, já que o bem de maior valor econômico foi encontrado com o corpo do jovem. "Um cordão de prata foi encontrado com ele e restituído à família. Já outros pertences, como a carteira e o celular da vítima não foram localizados", conta Rodrigo.

Rolli também deu detalhes do depoimento dos seguranças que estiveram envolvidos na confusão que terminou com a morte de Matheus. "Eles alegam que retiraram o jovem da boate e, logo em seguida, o Matheus passou a desferir golpes contra veículos, inclusive os proprietários já estão intimados. Depois, os seguranças perseguiram o jovem, por cinquenta ou cem metros, e desistiram porque a vítima conseguiu evadir. A contradição existe porque a declaração da família demonstra divergências a esses depoimentos. Serão ouvidas outras testemunhas para chegarmos à uma conclusão", afirma.

Imagens

De acordo com Rolli, a pessoa responsável pelas imagens fornecidas pelo Privilège afirmou que existem filmagens de apenas um ponto do estabelecimento, apesar da casa noturna ter 32 câmeras de segurança. "Vamos encaminhar os dois aparelhos responsáveis pelas gravações das imagens para o instituto de criminalística em Belo Horizonte para verificação de possíveis outras imagens", revela. Caso não existam outras imagens, a boate feriu o art. 2 da Lei Municipal 12.861/2013, de autoria do vereador Noraldino Júnior (PSC), que dispõe sobre a instalação de dispositivos de filmagem e gravação nos estabelecimentos destinados à realização de eventos musicais em Juiz de Fora. Segundo a lei, "as câmeras deverão ser instaladas de forma a cobrir todo o local onde os eventos são realizados, seus respectivos locais de entrada, bem como os locais onde são realizadas as revistas pessoais dos seus frequentadores."

O caso

De acordo com o irmão da vítima, Leandro Goldoni, Matheus, que era morador do bairro Santa Efigênia, na Zona Sul da cidade, teria se envolvido em uma briga no interior da casa e os seguranças o convidaram para sair. "Perguntei ao segurança o que aconteceu, eles disseram que ele tinha arrumado atrito com um segurança, correram atrás dele, não alcançaram e ele entrou no mato. Na hora eu não contestei, apenas comecei a procurar, a gritar, chamando para ir embora e não achei. Fiquei um tempo em frente à Privilège e pensei que ele já tivesse ido embora para casa ou ido direto para o trabalho. O telefone dele está desligado desde as 3h da manhã, quando ele saiu", relatou, na última segunda-feira, 17.

Em nota, o Privilège Juiz de Fora esclarece que foi procurado pelos pais do jovem, na madrugada de sábado para domingo, que informara que ele estava desaparecido desde a noite anterior. "O jovem se envolveu com uma briga sem gravidades dentro da casa e foi convidado a se retirar. O club foi informado que do lado de fora, ele desceu em direção ao Centro quebrando retrovisores de automóveis estacionados na Estrada Engenheiro Gentil Forn. Ao tomar conhecimento sobre este episódio, um segurança desceu a estrada, mas o jovem já não foi localizado. No livro de ocorrência da casa foram registrados os números das placas dos veículos danificados", diz a nota.

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