Juiz de Fora perde 44 ha de Mata Atlântica em quatro anos Número é considerado baixo em relação aos índices registrados no novo Atlas dos Remanescentes da Mata Atlântica em Minas Gerais e Zona da Mata

Clecius Campos
Repórter
4/06/2009

Nesta sexta-feira, dia 5 de junho, Juiz de Fora comemora o Dia Mundial do Meio Ambiente, com informações positivas sobre a situação de sua floresta nativa. De acordo com o novo Atlas dos Remanescentes da Mata Atlântica, divulgado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e pela Fundação SOS Mata Atlântica, a cidade apresentou decremento de 44 hectares da Mata Atlântica, no período entre 2005 e 2008. Dos 143.653 hectares da floresta original, restam ainda 12%. O levantamento foi realizado, levando em consideração imagens de satélite das cidades.

De acordo com o presidente da Associação pelo Meio Ambiente de Juiz de Fora (AMA/JF), Theodoro Guerra, dois motivos justificam o decremento em Juiz de Fora. O primeiro está relacionado às épocas de estiagem ou seca, que aumentam a possibilidade de queimadas de áreas de remanescentes. A segunda razão é a pressão urbana sobre a mata. "O crescimento da cidade acaba causando desmatamento."

Os números são considerados bons, se comparados com o desmatamento em outras regiões de Minas Gerais, estado mais crítico em termos de desflorestamento, apresentando perda de 32.728 hectares de mata nativa. De acordo com as estatísticas dos remanescentes florestais, no mesmo período, outras cidades da Zona da Mata tiveram decremento considerado preocupante.

Mapa dos Remanescentes em Juiz de Fora Mapa dos Remanescentes em Minas Gerais

Em Santos Dumont, cidade com 63.721 hectares de mata nativa original, houve perda de 55 ha. Já em Matias Barbosa, a situação é ainda mais crítica. Dos apenas 15.709 hectares de floresta original, 51 hectares foram perdidos. "Os números são superiores ao registrado em Juiz de Fora, sendo que a área de ambos é bem menor que a da Manchester Mineira. A situação nestes municípios é de apreensão", afirma Guerra.

A diretora de Gestão do Conhecimento da SOS Mata Atlântica, Márcia Hirota, também acredita que os números são favoráveis para Juiz de Fora, mesmo com a informação de que foram observadas alterações acima de três hectares contínuos, na cidade. "De forma geral, a mata não apresenta muita alteração, se comparada com outras regiões." As áreas que sofreram mais decremento, em Minas Gerais, estão concentradas no limite da Mata Atlântica com o cerrado, em cidades cortadas pelo Jequitinhonha, Serra do Espinhaço e Matas Secas. "Minas Gerais é o estado que apresenta maior parcela de floresta nativa no Brasil. Por isso, os desmatamentos têm sido relevantes. Esta é a grande preocupação."

Ainda é preciso preservar

Foto da Mata do KrambeckDe acordo com Márcia Hirota, apesar de os números serem favoráveis para Juiz de Fora, a necessidade de preservação é constante. Para ela, a atuação do poder público é a principal arma para conter o desmatamento. "A Mata Atlântica é o único bioma brasileiro que possui uma lei específica de proteção, regulamentada em vários estados. Para que a lei nº 11.428 de 2006 seja cumprida, é preciso intensificar a fiscalização, o monitoramento e o controle da floresta." A conscientização das pessoas também é lembrada pela diretora. "A população precisa estar afinada com a proteção ao meio ambiente.

Segundo Theodoro Guerra, desde o início de 2008, 602 hectares de Mata Atlântica foram conservados ou reflorestados em Juiz de Fora, Santos Dumont e Matias Barbosa. A expectativa é de alcançar os 1200 hectares até o final de 2010, com o Programa de Proteção da Mata Atlântica (Promata) em parceria com o Instituto Estadual de Florestas (IEF). "Reflorestamos mata ciliar, nascentes e topos de morro. O objetivo é formar um corredor ecológico, que ligue as áreas verdes existentes, permitindo o trânsito da fauna.

Os textos são revisados por Madalena Fernandes