Mostra apresenta o lirismo po?tico de Hannah Brandt

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Mostra apresenta o lirismo poético de Hannah Brandt Exposição poderá ser visitada até o dia 19 de março, no Espaço Cultural Correios. Estão reunidos 51 quadros, confeccionados entre as décadas de 1960 e 1980

Aline Furtado
Repórter
1/2/2011

Quem passar pela rua Marechal Deodoro nos próximos dias vai poder conferir, no Espaço Cultural Correios, as 51 obras da desenhista, gravadora e pintora, Hannah Brandt, que estão reunidas na exposição Hannah Brandt - Poesia Visual. Os quadros parecem dialogar com o espectador, a quem fica claro as sensações traduzidas pela artista, como exemplos claros do que pode ser chamado de lirismo poético.

As obras apresentadas pela mostra são fruto do trabalho da artista entre as décadas de 1960 e 1980. A técnica utilizada é a xilogravura, que consiste na gravação, em relevo, utilizando a madeira como matriz. Entre os quadros expostos, estão presentes aqueles que remetem aos primeiros trabalhos de Hannah, que são uma espécie de homenagem ao povo mineiro.

"Quando ela soube que seus trabalhos seriam expostos aqui, tratou logo de separar três quadros, que trazem imagens da cidade de Ouro Preto", explica o curador da mostra, Paulo Leonel Gomes Vergolino. Nestas obras, é possível perceber a arte da então aluna Hannah Brandt, que tem influências claras de nomes como Maria Bonomi e Lívio Abramo. "Já as obras do final dos anos 60 deixam claro que Hannah é a senhora do branco do papel, já que o preto e o branco são utilizados de forma a conferir equilíbrio composicional à obra."

Uma das características mais marcantes da artista é a utilização da madeira de modo a ficar claro, nos quadros, o nó do elemento. O uso de cores vivas, intercalada com cortes em branco, confere movimento às obras. "O cuidado e a dedicação ficam claros quando percebemos que cada cor utilizada representa uma passada na prensa", lembra Vergolino.

A exposição está dividida por temas, que vão desde o retrato das Minas Gerais, por meio de Ouro Preto e de meninos olhando por janelas, até a criação do mundo em sete dias, passando por paisagens israelitas, marinhas e brasileiras, retratos e naturezas mortas. "A influência judaica também está muito presente nas obras de Hannah, que é judia e mantém, até hoje, tradições religiosas do Judaísmo."

O que pode passar despercebido por olhares pouco atentos é o uso de materiais como gaze e glitter em dois dos quadros expostos. "A gaze foi usada para formar a rede presente na obra Puxada de Rede. Já o glitter, este confere brilho a um dos quadros que compõem a série Jacó, que conta a história bíblica do homem que renega Deus, perde tudo e reconquista, posteriormente, o amor divino. Trata-se do último quadro, no qual o glitter funciona como um plus relacionado ao perdão de Deus."

A artista

Hannah nasceu na Alemanha e veio para o Brasil no ano de 1935, naturalizando-se brasileira. A artista nasceu em tempos difíceis naquele país e, devido à guerra, foi preciso mudar-se para o Brasil, juntamente com seus pais e irmãos. Em 1973, recebeu o Prêmio Itamaraty na 12ª Bienal Internacional de São Paulo. Hoje, aos 87 anos, Hannah Brandt mora e trabalha na cidade de São Paulo. 

"Sua história de vida talvez fosse marcada pela tristeza, sentida em função do fato de ter que deixar sua terra e perder sua família devido à guerra. Mas não é. Embora exista melancolia e tristeza em algumas de suas obras, a alegria, o equilíbrio e a vida também estão muito presentes. A obra de Hannah não é nada densa, pelo contrário, apresenta as coisas boas da vida", conclui Vergolino.

Veja algumas obras que integram a exposição

Serviço

A mostra Hannah Brandt - Poesia Visual será aberta nesta terça-feira, 1º de fevereiro, e prossegue até o dia 19 de março. As visitas poderão ser realizadas de segunda a sexta-feira, das 10h às 18h, e aos sábados, das 10h às 14h. Quem desejar fazer visitas guiadas, o telefone para agendamento é (32) 3690-5715. O Espaço Cultural Correios fica na rua Marechal Deodoro, 470, Centro.

Os textos são revisados por Thaísa Hosken