Tron: o Legado introduz digitalização de personagens humanos com grande vigor técnico

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Paula Medeiros 24/12/2010


Tron: o Legado introduz digitalização de personagens humanos com grande vigor técnico

Com um orçamento gigantesco, algo em torno de $ 200 milhões de dólares, TRON: o Legado foi um dos filmes mais aguardados de 2010. A expectativa se baseava principalmente na promessa dos efeitos especiais revolucionários. Em muitos aspectos eles foram de fato arrebatadores e se encaixaram de forma adequada à proposta do filme, principalmente quando pensamos num enredo cujo tema é basicamente videogames e realidades virtuais.

Kevin Flynn (Jeff Bridges) é o presidente da organização ENCOM e criador do famoso videogame TRON. Misteriosamente, o bem-sucedido empresário desaparece sem deixar rastros, deixando um filho de 7 anos. Na busca por informações que o levem até seu pai, Sam (Garret Hedlund) acaba acidentalmente entrando num mundo virtual de programas de computador e jogos de combate. Dentro desse universo, Sam descobre que Kevin foi o responsável pela criação dessa realidade e também do perverso clone de si mesmo, CLU (Jeff Bridges), que busca a perfeição a qualquer custo, tornando a "rede" um lugar extremamente ameaçador para todo o mundo.

O maior trunfo do longa é realmente a digitalização do personagem CLU, de Jeff Bridges. A tecnologia usada – surgida em O Curioso Caso de Benjamin Button – fez com que Bridges aparecesse quase 30 anos mais jovem, com a mesma aparência do primeiro filme, TRON: Uma Odisséia Eletrônica, de 1982. Por ser esteticamente bem feita, quase nos esquecemos de que ali está uma imagem computadorizada. O único detalhe que entrega a digitalização é o olhar do personagem. Apesar do minimalismo digital e das evoluções dos aparatos tecnológicos, ainda não é possível dar a uma imagem artificial a profundidade que um olhar humano – real – é capaz de transmitir.

Feito para ser exibido em 3-D, Tron também se configura como mais um dos que comprovam a consolidação dessa tecnologia no cinema atual. Hoje em dia já nos habituamos a assistir um filme em terceira dimensão e enxergar os efeitos de maneira natural, principalmente quando se trata de uma ficção científica.

Outro ponto alto da produção foi a trilha sonora feita pela dupla Daft Punk. Intensas, pesadas e agitadas, as músicas contribuíram muito para a sua dinâmica e evoluíam de acordo com a energia das sequências, conferindo mais força às cenas de ação. Unidas aos efeitos luminosos, que também pontuam o filme de maneira recorrente, as músicas remetem a uma psicodelia quase que transcendental, natural para quem supostamente cruzou uma linha entre realidade e virtualidade.

Finalmente, apesar de mostrar uma alta qualidade técnica dos efeitos visuais e sonoros, o roteiro do filme é fraco, problema recorrente em produções milionárias. Parece que os recursos tecnológicos são tão pensados e revisados que questões básicas do filme ficam esquecidas ou deixadas de lado. É o caso da personagem Quorra (Olívia Wilde). Mesmo com a boa interpretação da atriz e a explicação de quem são os ISO's, seres "divinos" da realidade virtual, não fica claro como de fato eles poderiam mudar a visão e o destino de toda a humanidade, ponto-chave do desenrolar de toda a trama.

Ficha Técnica

Tron Legacy – Tron: o Legado
EUA , 2010 - 125 min.
Ficção científica
Direção: Joseph Kosinski
Roteiro: Edward Kitsis, Adam Horowitz
Elenco: Jeff Bridges, Garrett Hedlund, Olivia Wilde, Bruce Boxleitner, James Frain, Beau Garrett, Michael Sheen, Anis Cheurfa, Serinda Swan, Yaya DaCosta, Elizabeth Mathis, Kis Yurij, Conrad Coates, Daft Punk



Paula Medeiros
é estudante de Comunicação Social com participação em Projetos Cinematográficos.