Quarta-feira, 2 de março de 2011, atualizada às 18h20

Motoristas e cobradores de ônibus entram em greve, por tempo indeterminado, no dia 14 de março

Aline Furtado
Repórter
Ônibus parados na Rio Branco

Motoristas e cobradores do transporte coletivo urbano de Juiz de Fora reuniram-se em assembleias na manhã e na tarde desta quarta-feira, 2 de março, e decidiram deflagrar greve por tempo indeterminado a partir do dia 14. Além disso, nas próximas quinta e sexta-feira, dias 10 e 11, os motoristas e cobradores adotarão a Operação Tartaruga entre as 6h e as 17h.

"Nestes dias, será permitido o tráfego dos ônibus em fila, somente na primeira marcha. O horário foi definido para que a grande massa de trabalhadores que utilizam o transporte coletivo não fique prejudicada", destaca o vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Coletivo (Sinttro), Paulo Avezani. Na sexta, dia 11, a categoria volta a se reunir em assembleia, a fim de adequar as ações à Lei de Greve nº 7.983/89.

Retenção

Após a assembleia da manhã desta quarta-feira, os trabalhadores do transporte coletivo realizaram a retenção do trânsito em uma das principais vias da cidade, a avenida Rio Branco, durante aproximadamente uma hora, entre as 11h e as 12h. A fila de ônibus podia ser vista desde o trecho onde está localizada a Santa Casa de Misericórdia até as proximidades do bairro Manoel Honório. De acordo com Avezani, a adesão ao movimento foi de 99,9% da categoria. Durante a ação, motoristas que insistiram em trafegar, seguindo pela pista de carros no sentido Manoel Honório-Bom Pastor, foram multados pela Polícia Militar (PM).

Para quem faz uso de ônibus, a retenção trouxe prejuízos. "Sofro de síndrome do pânico e estou vindo do meu tratamento. Não tenho como voltar para a clínica nem mesmo ir a pé até o meu bairro. O jeito vai ser ir andando até o Bom Pastor e contar com a boa vontade de um vizinho, que vai me buscar lá", declarou a moradora do bairro Sagrado Coração, Ana Maria do Carmo. Para o também morador do Sagrado Coração, Walmir Antônio, o grande transtorno deve-se ao fato de ter sido pego de surpresa. "Se eles tivessem avisado, não teria nem saído de casa. Isto é um absurdo."

Impasse continua

De acordo com Avezani, a categoria decidiu pelas manifestações porque o que vem sendo oferecido, em termos de reajuste, por parte dos empresários está distante do que pretendem. Motoristas e cobradores reivindicam aumento salarial de 15%, reajuste do vale-refeição de R$ 160 para R$ 230, além da inclusão no Programa de Participação nos Lucros e Resultados.

Enquanto isso, os empresários do setor tentam negociar aumento de 6,53%. De acordo com Avezani, a Associação Profissional das Empresas de Transporte de Passageiros de Juiz de Fora (Astransp) encaminhou um ofício, nesta quarta-feira, reforçando estar aberta às negociações. "Mas não é o que temos visto. Além disso, consideramos que o reajuste salarial não deve estar atrelado ao aumento tarifário", argumentou o sindicalista.

Os textos são revisados por Thaísa Hosken