Victor Bitarello Victor Bitarello 30/03/2015

A beleza do amor em família de "Para sempre Alice"

Os filmes, regra geral, vestem a roupa de uma comédia ou de um drama. Os dramas são algo residual, ou seja, tudo aquilo que não é comédia, é drama. No entanto, nem sempre esse drama é um filme "dramático". Geralmente confunde-se o filme de drama, com filmes que são tristes, aqueles que muitas vezes levam ao choro (não que os dramas comuns não levem).

"Para sempre Alice" ("Still Alice"), se encaixa mais no tipo drama "dramático". Uma obra naturalista/realista, na medida em que não se propõe a contar algo poético ou fantasioso, não é exagerada, e é conectada a algo bastante real. Esta, inclusive, deveria servir de base para todos nós refletirmos sobre como tratamos as pessoas que nos rodeiam e, ao mesmo tempo, para que se possa discutir, mais amplamente, sobre o grave problema do Mal de Alzheimer. É uma história totalmente possível de acontecer, encenada e dirigida para trazer ao público um fato do dia a dia.

Alice (Julianne Moore), professora universitária de Linguística, começa a observar alguns sintomas de esquecimento, como, por exemplo, não saber o caminho dentro da universidade, ou o que ia dizer numa frase. Enfim, observa que sua memória está tendo lapsos. Ao procurar um médico, ela é diagnosticada como portadora da doença e, junto com o marido John (Alec Baldwin), compartilha a triste notícia com os três filhos, Anna (Kate Bosworth), Tom (Hunter Parrish) e Lydia, vivida pela heroína de "Crepúsculo", Kristen Stewart. A partir daí, eles passam a viver todas as emoções que a descoberta de um mal tão terrível traz a uma família, e o filme aborda cada uma delas, em especial a relação de Alice com a filha mais nova, Lydia.

"Para sempre Alice" não é um filme excelente.

Não é um filme ótimo.

É um filme bom.

Ele não faz aqueles exageros chatos típicos de "A culpa é das estrelas". É emocionante porque é uma história triste incrivelmente bem contada, com atores que estão todos muito bem, com uma direção muito bem feita.

Parece muito fácil elogiar Julianne Moore, já que ela venceu todos os principais prêmios cinematográficos (Oscar, Globo de Outro, Bafta, etc) pelo seu trabalho. No entanto, ela está digna de ser considerada perfeita. Mesmo porque, outras vencedoras, muitas vezes, não atingem esse nível. Mas ela está. Sua trabalho é muito minucioso. Eu gosto muito disso num ator. Como se cada respiração fosse pensada. Cada andar e movimento feitos para serem perfeitos. Sua atuação é tão limpa! Eu fico fascinado com atuações limpas! Elas não precisam passar nem um pouco do ponto para serem incríveis e levar toda a mensagem necessária. Eu já tinha visto o trabalho de outra concorrente dela nas premiações, o de Rosamund Pike, de "Garota exemplar". Eu estava com dificuldade de entender que alguém poderia ser melhor que ela, porque seu trabalho lá é fantástico, é maravilhoso. No entanto, penso que Julianne teve o plus da maturidade. Sua maturidade ajudou-a. E Rosamund? Bom. Ela com certeza se mostrou muito bem mostrado ao um mundo que ainda não a conhecia. Vale conferir.

Fiquei muito impressionado de ver como Kristen deu conta do recado. Não deve ser fácil interpretar algo assim sem escorregar. A menina amadureceu. E o diretor deve ter sido muito rígido. Ah foi. Deu certo!
É um filme claramente bem feito. É realmente perfeito. Não consigo ver nenhum defeito nele.

Assistam, por favor. Assistam!


Victor Bitarello é bacharel em Direito pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), pós-graduado em Direito Penal e Processual Penal pela Universidade Candido Mendes (UCAM). Ator amador há 15 anos e estudioso de cinema e teatro. Servidor público do Estado de Minas Gerais, também já tendo atuado como professor de inglês por um período de 8 meses na Associação Cultural Brasil Estados Unidos - ACBEU, em Juiz de Fora. Pós graduando em Direito Processual Civil.

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