Quem não se encantou com a história da Fantástica Fábrica de Chocolate (ainda que não tenha grande apreço pelo doce), que atire a primeira pedra.

Na trama que consiste boa parte como musical, Wonka chega às famosas Galerias Gourmet disposto a vender seus chocolates especiais e se tornar o maior chocolateiro do mundo. Mas ao chegar, vai se deparar com um cartel de chocolate disposto a impedir o seu sonho de se tornar real, tendo que contar com outros cinco amigos para conquistar seu objetivo.

A premissa denota o que poderia ser considerada a origem do famoso personagem fabuloso do universo criado por Roald Dahl. Porém o que poderia ser apenas uma espécie de biografia fictícia, se torna uma linda e deliciosa jornada em que o protagonista mais funciona como epicentro para uma história ainda mais interessante de ser contada: a da busca pela realização pessoal.

Isso porque, ao apresentar uma personagem que embora se apresenta como coadjuvante, tem a sua narrativa como o ponto primordial para o desenvolvimento da trama. E é possível perceber esse direcionamento construtivo logo nos primeiros momentos do filme. Ao contar resumidamente o passado de Noodle, fica evidenciado que Wonka, será o seu grande redentor, sem que sua trama individual se perca durante o desenvolvimento do roteiro.

E essa quebra da trivialidade de história de origem, por si só, torna a trama muito mais atraente, criando uma nova perspectiva em seu desenvolvimento. Ao utilizar o lúdico como cortina, a história se revela muito mais que uma fábula, evocando temas bastante reflexivos como a elitização e privilégio aristocrático, desigualdade social, religiosidade, capacitismo e racismo velado, quando em diversos momentos, surgem frases afiadas proferidas pelos personagens que compõem a trama.

Ainda, o filme conta com excelente trilha sonora, em que cada canção, além de complementar
genuinamente a narrativa, são divertidas, tocantes e com mensagens de esperança, sem criar a ideia ilusória das possibilidades de acreditar que é possível alcançar aquilo que se deseja. Uma mensagem poderosa que vem como acalento e inspiração, o roteiro brinca com suas mensagens, servindo para alertar, encantar, divertir, emocionar e refletir, num tom equilibrado entre o drama, a comédia e a aventura.

E o elenco abraça com amor seus personagens, sendo convincentes cada um em seu momento, dando o devido destaque a Timothée Chalamet, que não só é a alma do filme, como foi a escolha mais que perfeita para encarnar um jovem, ingênuo e sonhador Willy Wonka. Seu personagem nos diverte e nos cativa com sua singeleza, doçura e sagacidade, além do grande talento musical que o ator entrega, sendo uma das melhores performances do ano que certamente vai convencer o público que poderia ter existido no mundo real, alguém como o lúdico criador de chocolates mágicos.

Wonka é uma obra fascinante servindo como um filme perfeito para a esta época do ano, mas que aborda com equilíbrio e através do lúdico, temas profundos e sensíveis, políticos e sociais, criando uma atmosfera que emociona, diverte, conscientiza e evoca mensagens positivas e esperançosas para todas as idades, que merece muito ser degustado nos cinemas.

Nota: 9.2

Reprodução/Internet - Wonka (2023)

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Clayton Inacio da Silva

Séries e Filmes

É advogado empresarial e crítico de cinema. No campo jurídico, atua na esfera administrativa, cível e consumerista, além de elaboração e análise de contratos públicos e privados. Como crítico, analisa e comenta filmes de todos os gêneros, que são lançados no cinema e em plataforma de streaming, além de análises de séries, minisséries, animações e documentários, dando ao público uma pequena dimensão sobre a relevância de cada obra com foco em despertar o interesse pela arte e incentivando à cultura.

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