SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Depois de ter sido acusado de assédio por várias mulheres em 2019, o tenor espanhol Plácido Domingo agora se vê envolvido na investigação de uma suposta seita acusada de tráfico de pessoas e de outros crimes na Argentina.
Segundo a Agência Efe, que consultou fontes envolvidas na apuração, a voz do tenor foi ouvida em uma das ligações telefônicas interceptadas pelos investigadores. Domingo estaria conversando com Susana Mendelievich, uma das líderes do grupo criminoso, chamada também de Mendy.
De acordo com as fontes ouvidas pela reportagem, os dois estavam combinando de se encontrar num hotel. O áudio teria sido interceptado em abril, mês em que o tenor foi à Argentina para se apresentar no Teatro Colón, em Buenos Aires.
O jornal argentino La Nación detalha outra das ligações interceptadas, na qual Mendy conversa com Juan Percowicz, indicado como o líder da seita, além de uma outra pessoa não identificada.
"Plácido disse que poderia vir nos visitar, ou seja, ele vem me visitar", é o que Mendy diz em uma das gravações, segundo o La Nación. Haveria também um áudio em que ela conversa com o próprio Domingo, a fim de combinar um encontro. O tenor teria explicado para Mendy o que ela deve fazer para não ser vista quando for visitá-lo em seu quarto de hotel.
Numa outra gravação, ainda de acordo com o jornal, Mendy conta a Percowicz que um homem, supostamente Domingo, montou uma operação para que ela ficasse no hotel sem que os agentes percebessem.
As fontes ouvidas pela Agência Efe ressaltam que, apesar de o tenor não estar sendo acusado de nenhum crime, é importante para a investigação verificar se a organização estava relacionada com pessoas reconhecidas.
Nesta segunda (22), o tenor falou à TV Azteca, do México, e negou ter qualquer vínculo com a seita argentina. "Vocês viram que está tudo provado, que não há nada. O que eu sinto muito é que esse era um grupo de amigos, de pessoas que eu considerava músicos. Estivemos juntos em uma ocasião, os convidei para trabalhar. Mas, enfim, claro que não tenho nada a ver com isso", disse.
A situação retoma uma megaoperação policial, que durou mais de um ano e chegou ao seu ápice no último dia 13, quando agentes federais da Argentina prenderam 19 pessoas, entre elas Mendy e Percowickz.
A seita em questão operava sob a fachada de uma escola de ioga em Buenos Aires. Segundo policiais envolvidos na investigação, o grupo, sob a alegação de estar em busca do desenvolvimento da felicidade, recrutava pessoas para incorporá-los à organização e usá-las como servas. Além disso, em alguns casos, a seita oferecia seus membros para fazer sexo com "pessoas de poder".
Os detidos, que se recusaram a depor, são acusados dos crimes de tráfico de pessoas para efeitos de redução à servidão, além de furto qualificado, associação ilícita, exercício ilegal de medicina e venda irregular de medicamentos.
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