RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Foi com um telão em preto e branco marcado por desenhos de raios que a maior banda nacional de heavy metal, o Sepultura, se reuniu ao lado da Orquestra Sinfônica Brasileira para o primeiro show no palco Mundo na nona edição do Rock in Rio, que começa nesta sexta e vai até o dia 11.

A banda, muito acostumada a se apresentar no festival, abriu tocando um tema de Igor Stravinsky, mas logo pesou a mão puxando "Roots Bloody Roots", clássico da banda nos anos 1990, quando vivia o auge e ainda tinha Max Cavalera como vocalista, e que botou o público para pular euforicamente. Aos gritos do nome da banda vindos do público, o vocalista Andreas Kisser celebrou o fim do isolamento social.

"Que sentimento fantástico estar aqui com vocês depois dessa pandemia, depois dessa porra toda que aconteceu", ele disse.

O clima foi da calmaria à euforia conforme a orquestra entrava e saía, enchendo a apresentação de elementos melódicos --raros no som sujo e duro da banda. Em músicas como "Kairos" e "Agony of Defeat", mais recentes, a OSB reforçou os riffs da banda, mas a lógica se inverteu em performances de números de Beethoven e Vivaldi, quando o guitarrista Andreas Kisser chegou a assumir o violão.

A união entre os músicos de heavy metal e de música chegou ao ápice quando eles revezaram solos em meio a uma rica sessão rítmica que incluiu triângulo e atabaques. O momento remeteu a grandes momentos do Sepultura, que no celebrado álbum "Roots", de 1996, uniu às guitarras distorcidas a percussão de Carlinhos Brown e influências da música indígena brasileira em ritmos sincopados.

Foi um show diferente do que o Sepultura --que desde que o Rock in Rio voltou ao Brasil só não tocou na edição de 2015 do festival-- está acostumado, mas a resposta do público metaleiro foi maior nos hits de sempre. Foi o caso de "Refuse/Resist", também incrementada pela orquestra.

Houve até alguns xingamentos ao presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro, do Partido Liberal, mas apenas de uma parte da plateia. Antes de sair do palco, Kisser ainda disse que o show foi um momento histórico para a banda, ressaltando o "respeito e admiração mútua" entre os músicos no palco.


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