BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Sérgio Camargo, ex-presidente da Fundação Palmares e candidato a deputado federal por São Paulo, perdeu a ação que movia contra Martinho da Vila, após o cantor chamá-lo de "preto de alma branca".

A declaração foi dada numa entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, no ano passado. Na ocasião, Martinho criticou os rumos da fundação, que teria sido "criada para tratar dos assuntos da cultura negra", mas que agora é comandada por "Camargo, bolsonarista radical".

"Ele é um preto de alma branca, como se diz", continuou. "No duro, ele gostaria de ser branco. Ele acha que ele é branco. Ele se sente branco. E 'tem que acabar com essas coisas todas de preto'."

Na ação, o candidato pediu a retirada da entrevista da internet e também uma indenização de R$ 20 mil por danos morais.

Ainda em agosto deste ano, a 18ª Vara Cível de Brasília já havia negado provimento ao pedido do ex-gestor. Agora, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal ratificou a decisão de primeiro grau e deixou de dar provimento ao recurso de Camargo. A informação foi publicada pela coluna de Ancelmo Gois, do Globo, e confirmada pela Folha de S.Paulo.

O agora candidato se manifestou no Twitter após da decisão do TJ. "Fui agredido racialmente por Martinho da Vila. Processei-o por isso, mas perdi. Concluo que a Justiça entendeu que ele, por ser negro de esquerda, tem salvo-conduto para fazer ofensas raciais. Assim, surge mais uma jabuticaba no nosso ordenamento jurídico: o racismo protegido", afirmou.

Camargo afirmou na época da entrevista que Martinho feriu sua honra e, ao exibir o trecho da petição com que pretendia acionar a Justiça, ele destaco uma suposta frase atribuída ao ator Morgan Freeman, na qual o artista descartaria a importância de uma consciência negra --ou branca, ou amarela-- em favor de uma consciência humana capaz de acabar com o racismo.

"Na epígrafe da ação (sendo finalizada), o ensinamento de Morgan Freeman que pretos racistas da esquerda precisam aprender", disse Camargo nas redes sociais, logo após a entrevista dada pelo artista.

A frase, que já foi postada por Camargo em outras ocasiões nas redes sociais e costuma vir à tona no Dia da Consciência Negra em perfis de direita, porém, não foi dita exatamente com essas palavras por Freeman. A declaração do ator remete a uma entrevista que ele concedeu em 2006 a Mike Wallace, no programa 60 Minutes, da rede CBS.

Questionado pelo jornalista sobre o Mês da História Negra --que acontece em outubro nos Estados Unidos--, o ator classificou a comemoração como "ridícula", questionando sua restrição a um mês. "A história negra é a história americana", disse. Ele afirma, então, que imagina o fim do racismo atrelado ao fim da diferenciação entre homens negros e brancos. "Não se fala 'olha, aquele homem branco chamado Mike Wallace!'"


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