José de Abreu, 76, no ar em "Mar do Sertão" (TV Globo) com o personagem coronel Tertúlio, garantiu que a emissora não interfere no posicionamento político de nenhum profissional e afirmou desconhecer qualquer tipo de retaliação por declaração de voto.
"Lado político, a emissora sempre deixou claro que não mexia em ninguém por declarar voto", afirmou ele, em entrevista ao site IG. Ele acrescentou que a Globo só se envolve em casos de crime, como o do ator José Dumont.
"Isso já é justa causa, não tem nem o que discuta. A Elizângela, também, por não se vacinar. É questão de saúde pública, quem não tomava vacina não poderia nem entrar no Projac", disse.
O ator destacou que se sentia solitário por se posicionar politicamente até alguns anos atrás. "Era uns cinco ou seis, eu, o Paulo Betti, o Osmar Prado. A maioria só se manifestava nas eleições, ia em reuniões, agora todo mundo participa. Não que todos viraram de esquerda, mas pelo menos tem uma posição política", celebrou.
Filiado ao PT, o ator também falou do motivo de ter afastado a ideia de se candidatar a uma vaga no Congresso Nacional. "Eu desisti devido à questão das pessoas politicamente expostas [PPE], eu não poderia trabalhar em nenhuma emissora de televisão, nem meus filhos, porque até os streamings têm essa questão das 'PPE's [Pessoas politicamente expostas]'", disse.
Ele contou que os dois filhos já trabalham em relações com o governo e, por isso, precisariam sair dos empregos se o ator se candidatasse e ganhasse uma vaga de deputado federal. "Já seria um sacrifício abandonar a carreira por quatro anos, doaria, mas não posso arriscar meus filhos, o trabalho deles extrapola minha vontade", afirmou.
Mesmo que os filhos mudem de emprego, o ator desistiu da ideia de tentar uma carreira política. "Eu até poderia trabalhar na Funarte, na EBC, órgãos de arte, mas essa lei me impediria de trabalhar durante o tempo no governo e mais cinco anos depois. Eu teria 80 e poucos [anos], não dá", destacou.
Na entrevista, Zé disse discordar das pessoas que param de consumir arte ou conteúdo por ele ter um posicionamento contrário ao desses brasileiros. "Não deixei de cantar 'Inútil' porque descobri que o Roger é um inútil, eu acho a música boa, gosto do grupo. Tem que separar o artista da obra", exemplificou.
"Tem quem fale que pega ranço de bolsonarista, não sei o que lá, mas se for pegar ranço de quem for de esquerda, vai pegar 70% de toda a arte. Ultimamente quem vem do teatro tem essa visão que chamam de esquerda, né?", acrescentou.
"MAR DO SERTÃO"
O ator avalia que o fazendeiro, dono do maior açude de Canta Pedra, cidade fictícia da novela das 6, é um "homem preso ao passado". "Ele [Coronel Tertúlio] tem aquela coisa da dignidade, da honra, é contraditório até. Ele e esse tipo de gente tem nenhuma consciência social", disse.
Para o ator, o personagem seria um eleitor do atual presidente Jair Bolsonaro (PL). "Nunca que ele votaria na esquerda, por princípios dele, mas ele respeita a Candoca (Isadora Cruz), por ela enfrentar ele de peito aberto e olho no olho", ressaltou.
Na entrevista, o ator disse gostar de interpretar um personagem que representa o oposto da sua personalidade. "É mais fácil fazer o que está longe, o oposto da gente é mais fácil, porque você enxerga melhor. Quando é algo próximo, não fica claro quando é o ator e quando é o personagem. Por isso gosto tanto de fazer vilões", avaliou.
Apesar das atitudes dúbias do personagem, Zé defendeu que o fazendeiro age pela sua honra. "Ele é muito honrado, tanto que ele gosta do Zé Paulino (Sérgio Guizé) e não gosta do filho. Tertulinho (Renato Góes) não é honrado, apesar de ter extrema delicadeza, é capaz de desligar os aparelhos de Zé Paulino", analisou.
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