SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Um carro de polícia estacionado em frente a um prédio no Butantã, região oeste de São Paulo, informa que ali estão cães farejadores. Não para investigar um crime, no entanto, mas para fazer uma participação especial em Perícia Lab, série que chega ao canal AXN para reconstituir assassinatos grotescos e apresentar ao público o trabalho de cientistas forenses.
É um caminho diferente a se tomar na atual onda de "true crime" -isto é, de produções inspiradas em crimes reais, como a polêmica "Dahmer: Um Canibal Americano". Em vez de reconstituir um caso emblemático do começo ao fim e embalsamá-lo com uma solução de entretenimento, o programa tem um didatismo que se assemelha ao de Os Caçadores de Mitos.
A cada episódio, a fotógrafa pericial Telma Rocha e o perito criminal Ricardo Salada recriam os trabalhos de investigação de algum crime, famoso ou não, mas sempre emblemático. Num laboratório cênico, eles recebem convidados que os ajudam a desvendar os casos com as mais diversas técnicas da ciência forense.
"A gente está trabalhando para transmitir para quem gosta do tema uma coisa mais real. Diferentemente dos filmes e das séries que fogem da realidade, a gente quer mostrar técnicas, tecnologias que estão no dia a dia da profissão", diz Salada.
"É um mergulho num universo laboratorial que as pessoas não conhecem. O trabalho de um perito vai muito além do luminol", afirma Rocha, citando o composto químico visto à exaustão em obras policiais quando especialistas buscam vestígios de sangue numa cena de crime.
Num dos episódios, por exemplo, um cortejo de cães sai cheirando o estúdio em busca de evidências. Em outro, um especialista explica os diferentes tipos de ferimento causados por disparos, a depender de fatores como arma, distância e angulatura.
Já no primeiro capítulo, o público conhece os artistas de computação gráfica que, a partir de um simples crânio, são capazes de recriar um rosto inteiro em 3D. Há até a explosão controlada de um carro, para entender os impactos no corpo de uma vítima.
Reais, os casos em cena foram escolhidos e empacotados com muita cautela, para proteger vítimas e parentes de novos traumas e da exposição. Todos aconteceram há anos e foram concluídos e julgados. Em alguns deles, aliás, Salada e Rocha chegaram a trabalhar e, agora, contam ter tido a oportunidade de revisitá-los com mais frieza e experiência -afinal, "não há crime igual ao outro, então o perito está sempre aprendendo", diz ele.
Um dos episódios trata de um serial killer que ganhou amplas manchetes de jornal no passado. Ele fazia suas vítimas com uma espingarda, sobre uma bicicleta, e em Perícia Lab descobrimos como as autoridades conseguiram identificá-lo.
Mesmo que a série queira decifrar este e outros crimes, no entanto, Rocha conta que houve uma preocupação em poupar alguns detalhes. Primeiro, porque "não há necessidade de ficar expondo crueldade". Segundo, porque eles não podiam dar munição a homicidas por aí.
"Eu não posso chegar em frente à câmera e dizer que em todo caso eu encontro tal tipo de pista de tal forma em tal lugar. Hoje é muito fácil encontrar as informações necessárias para cometer um crime", diz ela.
Perícia Lab requer um pouco de curiosidade mórbida de seu espectador. Ao ligar a televisão, afinal, será preciso encarar imagens de arquivo que vazam sangue e pernas e braços desmembrados que, apesar de feitos de látex, podem afetar os mais sensíveis com suas terminações cheias de carne queimada, cortada ou arrancada bastante críveis.
Mas, num mundo obcecado por histórias com o voyeurismo e sadismo de "Dahmer", que rapidamente se tornou a quarta série mais vista da Netflix, não deve faltar público com estômago para isso.
PERÍCIA LAB
Quando: Estreia nesta segunda (17), às 22h55,
Onde: No AXN
Classificação: 16 anos
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