SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Quando Marilia Marton assumiu a secretaria de Cultura do estado de São Paulo, disse à Folha de S.Paulo que o órgão tinha acabado de ganhar "indústria" no nome. Em sua participação no SXSW a secretária manteve a visão do setor cultural como uma indústria com potência para gerar renda e empregos.
São Paulo levou dez empresas do setor cultural para o evento, que ocupa a Universidade do Texas, na cidade de Austin, através do CreativeSP. O programa é uma ação promovida pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa junto à agência de promoção de investimento InvestSP e busca promover e fomentar a indústria criativa do Estado de São Paulo em outros países.
Marton organizou na feira o São Paulo Day, roteiro de debates, palestras e networking que buscou mostrar o que tem sido feito no estado para pessoas e empresas do mundo todo. A produtora Aurora Filmes, umas das empresas escolhidas pelo edital do CreativeSP, lançou na feira "Meu Casulo de Drywall", filme com participação de Caco Ciocler sobre o impacto da morte de uma adolescente no condomínio onde vivia.
Carol Fioratti, diretora do filme, falou em entrevista sobre poder lançar o filme no festival. "Austin é uma ilha de inovação, de jovens, de pessoas trans, de várias cores, num estado super conservador. E eles estão aqui para consumir cinema. É uma energia interessante".
A cineasta percebeu que muitas pessoas vão ao festival pelos filmes, buscando ver obras de outros países. Ela vê com bons olhos a possibilidade de projetar seu filme para novas audiências. "A gente está pensando num cinema de qualidade e independente, mas que chegue ao público".
O filme é exibido junto a obras americanas, como "Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes". No ano passado, a feira contou com a estreia de "Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo", vencedor deste Oscar.
"Nos últimos dois anos, a Cultura foi o setor mais atingido. Tivemos gente que passou fome, e acho que agora tem um amadurecimento do setor, de entender que ele é extremamente importante e mobiliza muito dinheiro", disse Marton. "Acho que a grande mensagem que a gente quer passar aqui é que a cultura é cultura, mas também é mercado".
Marton diz que a ideia não é passar por cima da criatividade e do fazer cultural de cada um, mas garantir as ferramentas para viabilizar essas atividades. Daí a importância de garantir ao setor desde a habilidade de escrever textos para participar de editais até capacidades para valorizar e monetizar as produções.
A secretária diz que a feira tem ajudado a entender as barreiras que impedem o desenvolvimento do setor cultural brasileiro. A falta da língua inglesa, que não é dominada pela maioria dos brasileiros, seria um transtorno que o setor precisa enfrentar. Também ganham atenção problemas mais localizados, como a falta de roteiristas capacitados para atuar no setor de jogos eletrônicos.
Entre produções brasileiras no evento, também estão as animações, "Rockets, by Pillow" e "Yuki MR" representam o país na ala de produções de realidade aumentada. a música, o país é representado pela banda Os Mutantes e pelos artistas Rogê e Zudizilla e as bandas Bike e Tuyo.
O SXSW, que também é conhecida também como South by Southwest, é um dos principais eventos de inovação e criatividade do mundo. Entre os destaques deste ano, esteve a participação da futurista Amy Webb, que lançou na feira um relatório que aponta as maiores tendências de tecnologia para 2023.
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