SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Espere da temporada derradeira de "Succession" tudo a que um final de novela tem direito: morte, gravidez, separação, casamento, traição, mudança de alianças, novos negócios, velhos negócios, humilhações em geral e triunfos.

A Folha de S.Paulo recebeu acesso antecipado aos primeiros quatro episódios, mas esta resenha não vai cometer a indiscrição de dizer quem, quando, onde.

Só não espere, nesses últimos dez episódios, mudanças de caráter injustificadas, como alguns roteiristas fazem quando precisam juntar as pontas da história. Isso "Succession" não faz, e é isso o porquê de a série ser tão boa.

Isso e o fato de ser difícil escolher alguém por quem torcer, e na temporada final, que estreia neste domingo (26), a regra continua válida.

Connor, Kendall, Shiv e Roman, os quatro filhos de Logan Roy (Brian Cox), continuam sendo os piores tipos possíveis e, ao mesmo tempo, aquelas almas perdidas às quais nos afeiçoamos nos três anos anteriores.

A aliança forjada entre os três irmãos mais novos e mais ambiciosos nos episódios anteriores volta a ser posta à prova, com o pai semeando a discórdia e gente como Tom (Matthew Macfadyen), o ex-marido de Shiv, adubando.

O conselho que flutua em volta do patriarca e também de seus filhos -Karl, Gerry, Hugo- e outros chupins de plantão, como o primo Greg (Nicholas Braun) e a assistente Kerri (Zoe Winters), agora praticamente a primeira-dama do conglomerado de mídia dirigido pelos Roy, também cerram fileiras para dinamitar qualquer esboço de unidade familiar.

E é curioso como, mesmo usando os mesmos elementos de sempre, como "Succession" consegue surpreender. Jesse Armstrong, o roteirista-chefe, é habilidoso e criou tantas facetas para seus personagens principais que a maioria de suas ações se torna justificável, mas o campo é tão aberto que dificilmente serão previsíveis.

À parte acontecimentos factuais aqui omitidos para não haver spoilers, o elemento novo é o amadurecimento de Roman, o filho mais novo e sempre mostrado como um playboy inútil, interpretado com um misto de sarcasmo e carência por Kieran Culkin. Com isso, ele extrapola a função de alívio cômico da série e rouba atenções que antes recaíam sobre seus dois irmãos mais determinados, o instável Ken (Jeremy Strong) e a tenaz Shiv (Sarah Snook).

Os dois, aliás, iniciam a temporada bastante distantes do ponto em que estavam no início da história (ele ensimesmado; ela vingativa), e ainda que tentações passadas se coloquem novamente no caminho talvez já não seja possível retomar o rumo -a ver o que Armstrong guardou para os episódios de conclusão.

Por fim, há de se dar um desfecho à saga da empresa da família, o conglomerado de mídia Waystar, que guarda forte semelhança com o o grupo Fox, do australiano Rupert Murdoch, e sua influência na política americana.

Este é o grande personagem não encarnado que ronda o núcleo central, que coloca "Succession" como um epítome desses tempos de mudança rápida nos hábitos de informação e para o qual também se espera um final à altura.

SUCCESSION (4ª TEMPORADA)

Quando Estreia neste domingo (26), na HBO Max

Classificação 16 anos

Elenco Brian Cox, Jeremy Strong e Sarah Snook

Produção EUA, 2023

Criação Jesse Armstrong

Avaliação Muito bom


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