SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - James Thomas Smith tinha apenas 20 anos quando apertou o botão de reiniciar da música eletrônica. Era o ano de 2009, e ele produzia seu primeiro álbum, "The xx", ao lado de seus amigos de infância, Romy Croft e Oliver Sim. O disco era depurado, feito de silêncios e sons, que deixavam rastilhos em ecos e reverberações soturnas, com um andamento vagaroso.

Era tudo que a música eletrônica não via há muito, quase um retorno ao trip hop, uma resposta subterrânea e também pop ao maximalismo que grassava na sofisticação do Justice ou no espalhafatoso Skrillex. "Muita coisa mudou desde então", diz James, com voz tímida ao telefone. "Sinto que estou mais velho".

De volta ao Brasil --a última vez de Jamie no país fora com seu trio em 2017--, o produtor e DJ adicionou mais datas ao seu calendário. Além do seu show no Lollapalooza neste sábado, fez duas apresentações disputadas no Rio e em São Paulo a convite do selo brasileiro Gop Tun.

O artista fez valer as credenciais que ainda o mantém em lugar de destaque na música eletrônica desde o fim dos anos 2000. No controle da pista, Jamie não atravessa gêneros, um lugar comum que muitos DJs tem como trunfo. Muito além disso, Jamie passa por cima dos gêneros.

"Meus sets favoritos são aqueles em que levo o público para um tour, fazendo com que eles prestem atenção a pequenos detalhes, como uma mudança no tempo da música", diz Jamie. Como um cicerone, fitando as picapes e as máquinas, o DJ guia seu público com habilidades de sequência e repertório incontestes.

A pista de Jamie xx é um espaço em que ele explora a energia da música, seja ela a força, como nas batidas ásperas da bass music britânica, ou redentora, como nos vocais potentes de divas da house music. Em performances de duas horas, o artista faz mais uma ode à dance music que a club music. Ele celebra a música feita para dançar e não só a música feita para balada. Não por acaso, adicionou Gilberto Gil e Jorge Ben a suas performances no Brasil.

No tempo livre no país, Jamie surfou no Rio e Janeiro, comprou discos de música brasileira pela internet e, a todo tempo, ficou atento aos sons das ruas. Quem dançou nas suas apresentações pode ouvir que o baile funk entrou no pen drive --de forma sutil, mas sensível, aos moldes deturpados e finos de quem entende de produção e de pista.

"Eu sempre estou escutando música que está tocando por aí", diz ele. "Certamente, os sons que eu escuto aqui vão influenciar meu próximo álbum, eu faço música todo dia, esse meu próximo álbum é mais orientado para a pista de dança, também vai ser um álbum mais eclético"

Ainda sem data de lançamento, o segundo disco solo do artista virá depois de um longo hiato nas produções solo. Jamie soltou alguns singles nos últimos anos, trabalhou com artistas como a mega estrela Drake e produtores refinados como Floating Points, mas seu primeiro álbum, "In Colour", foi lançado há quase dez anos.

O disco ratificou à crítica o poder de renovação que o produtor trouxe para a dance music e também suscitou dúvidas sobre o futuro da banda The xx --o que não se confirmou.

"Eu venho trabalhando com a Romy e definitivamente vai ter coisa nova do The xx, a gente vem escrevendo novas músicas", diz Jamie. "Eu também amo fazer música colaborativamente."

Quem estiver na sua apresentação do Lolla terá a chance de ouvir algumas dessas novidades. "Vou tocar algumas faixas que ainda não lancei, coisas que venho trabalhando. Eu sou de Londres, mas tenho viajado para muitos lugares, sou inspirado por muitas coisas."


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