SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Pouco antes das 16h30 deste domingo (26) de Lollapalooza, uma plateia de algumas milhares de pessoas se reuniu para ver The Rose, a primeira banda sul-coreana a tocar no festival. O evento acontece desde sexta (24), no Autódromo de Interlagos, em São Paulo.

Não é que a banda não tenha público no Brasil. Em dezembro do ano passado, eles se apresentaram no Espaço Unimed, em São Paulo, no que foi o maior show de sua turnê.

No Lollapalooza, a concorrência nem era tão grande, já que o rapper L7nnon, que cantou no palco principal, é uma atração nacional, acostumado a tocar em São Paulo. Mas algumas centenas de fãs, posicionados bem perto do palco do The Rose, não parou de gritar o show inteiro.

A primeira música, "Cure", fala sobre recuperação e restabelecimento do planeta. É uma faixa de "Heal", disco mais recente do Rose, lançado no ano passado e que baseia a atual turnê.

O álbum foi feito a partir de depoimentos de fãs acerca do tema cura. É um trabalho que reflete os anos de pandemia e isolamento social, período que inspirou as histórias relatadas pelo público da banda.

"Somos o Rose, estamos juntos há sete anos", eles se apresentaram. "A próxima música que vamos tocar é a primeira que começou isso tudo. É uma música de desculpas para o mundo. É a raiz do Rose."

A faixa tocada em seguida, "Sorry", mistura coreano e inglês para falar de solidão e arrependimento. É um resumo da pegada do Rose, que tem músicas tristes e reflexivas.

Este é um elemento importante para entender porque o Rose não se encaixa no estereótipo do grupo de k-pop -como o BTS, Black Pink, famosos no mundo inteiro, por exemplo. Trata-se de uma banda de pop rock e indie rock, que não transita por vários gêneros da música pop e nem faz dancinhas coreografadas.

Também tem uma formação mais tradicional, com vocalista, Kim Woo-sung, tecladista, Park Do-joon, baterista, Lee Ha-joon e baixista, Lee Hyeong. Bem diferente do estilo boyband, com vários cantores/dançarinos, que domina o k-pop.

Em certa altura, o Sol, quente durante todo o fim de semana, dava uma trégua quando o guitarrista e vocalista Kim Woo-sung tirou a camisa. Os fãs, aglomerados bem na frente do palco, na maioria mulheres e jovens, gritaram "lindo, tesão, bonito e gostosão".

Eles cantaram sucessos como "Red" e "Baby", disseram acreditar que a música cura, e que é por isso que estão nessa carreira. Apesar de agenciados por gravadoras do k-pop, o Rose não é uma banda formada após testes e treinamentos exaustivos, como é comum na Coreia do Sul.

Sonoramente, o Rose lembra o pop rock radiofônico dos anos 2000, de bandas como The Fray e Coldplay. São músicas melódicas, guiadas por guitarra e teclado, e que se desenvolvem em desfechos de pegada épica -muitas vezes, abusando do melodrama.

A reta final teve "Definition of Ugly Is", em que o eu-lírico se sente estranho e diferente dos demais, "She's in the Rain", balada que é o maior sucesso da banda, e "Beauty and the Beast", que resgata a história de "A Bela e a Fera" para tratar de um romance improvável.

A plateia em São Paulo, que não era numerosa, parecia bem dividida entre fãs fervorosos e barulhentos, ensandecidos quando os integrantes jogaram camisetas, baquetas e outros objetos, e outra parte mais quieta, sem conhecer as músicas e apenas observando.

Acabou com "Sour", a mais conhecida do álbum mais recente do Rose, triste e que retrata uma desilusão amorosa. De certa forma, a primeira banda coreana da história do festival soou como qualquer outra -um indie genérico e formulaico para um grupo de fãs.


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