SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O Museu da Casa Brasileira, único do país dedicado à arquitetura e ao design, terá como nova sede a Casa Modernista, na Vila Mariana, bairro da zona sul de São Paulo. A previsão é que a nova sede seja aberta ao público em 2025.

A instituição deixará ainda este mês o endereço que ocupa há mais de 50 anos, o solar Crespi Prado, um casarão em estilo neoclássico na avenida Brigadeiro Faria Lima, na zona oeste da capital. A mudança acontece após o fim do convênio entre a Fundação Padre Anchieta (FPA), dona do imóvel, e o governo de São Paulo.

Secretária da Cultura, Economia e Indústria Criativa, Marilia Marton diz que o novo espaço será restaurado para receber o museu, cujo acervo conta com móveis, objetos de design e quadros de artistas como Candido Portinari e Di Cavalcanti.

"O museu estava muito tímido no casarão. A casa brasileira não é só a casa do cafeicultor. Ela é a casa do quilombola, do indígena e das pessoas que moram em favela. Queremos olhar para esse equipamento de forma mais ampla", diz Marton, em entrevista exclusiva à reportagem.

A mudança custará cerca de R$ 25 milhões, valor que deve vir de patrocinadores dispostos a ajudar o museu, numa espécie de mecenato, e de recursos captados via Lei Rouanet.

A Casa Modernista, nova sede da instituição, é uma joia da arquitetura paulistana e, como o nome indica, um símbolo do modernismo, por ser considerado o primeiro imóvel construído neste estilo no Brasil, no final da década de 1920.

O imóvel sedia exposições eventualmente, mas em geral são mostras de pouca relevância no panorama artístico.

A nova função do imóvel projetado por Gregori Warchavchik -cuja chegada ao Brasil completa 100 anos em 2023- pode também lhe trazer mais público, tirando dela o aspecto de abandono no qual se encontra. Em 2022, foram somente 31 visitantes por dia, em média, segundo dados da Secretaria Municipal de Cultura.

Fora isso, há o simbolismo de abrigar um acervo de design na casa de um arquiteto que também era designer, antes mesmo do termo existir. Warchavchick, um dos pioneiros do móvel moderno brasileiro, desenhou mesas laterais e poltronas para a sua residência.

Outras peças criadas por ele, como o carrinho de chá que leva seu nome, se tornaram clássicos do mobiliário brasileiro e são vendidos até hoje, em novas edições, por dezenas de milhares de reais.

A Casa Brasileira precisou deixar seu antigo endereço após o fim do convênio entre a Secretaria da Cultura, à qual a instituição pertence, e a Fundação Padre Anchieta (FPA), dona do casarão e gestora da instituição desde janeiro do ano passado.

De acordo com Marton, a pasta entendeu que um convênio não era o melhor arranjo jurídico para a instituição.

Isso porque, diz ela, museus têm programações continuadas e de longa duração, enquanto um convênio pressupõe prazo para acabar, razão pela qual costumam ser usados em projetos específicos.

"Por isso, a gente rompeu o convênio de forma amigável. A fundação ficou com a casa, e a secretaria, com o museu."

Enquanto a nova sede não fica pronta, Marton diz que a ideia é que parte do acervo da Casa Brasileira seja exposto no Museu do Ipiranga. "Há um desejo deles de montar a exposição temporária num espaço que eles consideram adequado."

Já o casarão onde o museu ficava será transformado num espaço cultural "que abraçará todos os tipos de arte", nas palavras da fundação, e seguirá aberto para receber exposições e eventos. O restaurante Capim Santo também continuará funcionando.


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