RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Leandro Hassum vive há sete anos em Orlando, na Flórida. É lá, na casa que ele define como "uma chácara", que acompanha praticamente toda a programação da TV brasileira, inclusive aquelas em que faz parte do elenco. É o caso de "Família Paraíso", que acaba de estrear a segunda temporada no Multishow.

O humorístico é mais um dos trabalhos de Hassum neste início de 2023, e ele tem um carinho todo especial pelo projeto. "Quero fazer por mais vinte anos, é uma delícia", diz o ator, que em janeiro retornou à Globo depois de quase quatro anos sem contrato fixo, agora em um papel completamente diferente do que costumava fazer na antiga casa.

Ele virou apresentador do reality culinário "Minha Mãe Cozinha Melhor Que a Sua", ao lado dos chefs João Diamante e Paola Carosella, uma experiência que classifica como "superinteressante". Em entrevista à Folha de S.Paulo, Hassum conta que tem desenvolvido projetos para o cinema e o teatro, dá sua opinião sobre o politicamente correto no humor, e não se furta a falar sobre assuntos delicados de sua vida pessoal, como a prisão do pai e do irmão.

Ao que parece, assunto proibido com ele só tem um: "Não falo sobre o Marcius Melhem", limitou-se a dizer, ao ser perguntado sobre o ex-diretor do núcleo de humor da Globo, de quem foi parceiro profissional por mais de dez anos.

Em 2020, Melhem foi acusado de assédio por um grupo de oito mulheres no Ministério Público da Mulher. Recentemente, o compliance da Globo apontou que o crime supostamente cometido pelo então diretor não foi provado. A empresa respondeu a uma ação do Ministério Público do Trabalho do Rio de Janeiro (MPT-RJ), que torna a empresa ré, ao acusá-la de supostamente ter permitido casos de assédio no ambiente de trabalho, nos últimos anos.

Você começou o ano de 2023 emendando o programa "Minha Mãe Cozinha Melhor Que a Sua", na Globo, com a segunda temporada de "Família Paraíso", no Multishow. A frase profissional anda boa...

(Interrompendo). Graças a Deus. Passei nove meses trabalhando direto, emendando um trabalho no outro e muito feliz. Adoro minha profissão. Estar em cena é um prazer e sinto falta disso até quando estou em casa, descansando. Outro dia mesmo, estava aqui no sofá assistindo a filmes de alguns amigos. De bobeira mesmo. Aí me deu uma inquietação (risos). Parece que eu entro em abstinência, sabe?

A segunda temporada de "Família Paraíso" aborda a questão do etarismo. Como é fazer humor com assuntos sérios ou tristes?

Desde que me venderam a ideia, eu já gostei. "Leandro, você vai fazer um programa em que a gente vai valorizar a terceira idade. A gente vai falar sobre uma casa de repouso, que de repouso não tem nada, onde os idosos querem viver e a gente pode ser feliz, mas é muito mais feliz quando faz outra pessoa feliz. Eu achei maravilhoso isso.

Sobre o programa de culinária, que tal a experiência? Pensa em priorizar a carreira de apresentador?

Nunca vou deixar de ser ator. Sou capaz de ficar atuando com o espelho, sozinho, igual um maluco, se não tiver nada para fazer. Dublo, estou me aventurando na direção e apresentar foi uma experiência superinteressante...Não consigo ficar parado (risos), mas atuação é a minha cachaça. Me perdoa o termo politicamente incorreto.

Por falar em termo politicamente incorreto, o humor vem sofrendo vários questionamentos sobre piadas e esquetes relacionados a grupos minorizados. Muitos humoristas reclamam que está "difícil" e "chato" trabalhar com a comédia. Qual a sua opinião?

Não acho nada chato. Quem tem arsenal de piadas vai achar o seu lugar. O que eu acho realmente é que estamos vivendo um momento de a gente oprimir o opressor, e não o oprimido.

Em 2015, você falou de seus problemas familiares em entrevista a Marília Gabriela. Contou que a família tinha problemas com a Justiça, e que seu pai, morto um ano antes, fora condenado a 20 anos de prisão por tráfico internacional de drogas e formação de quadrilha. Um ano depois, seu irmão foi preso por estelionato, e você falou sobre o assunto em entrevistas. O que te fez revelar a sua história?

Sou um ser humano e como qualquer outro, nós aprendemos com as nossas histórias, sabe? Quem passa pela vida sem aprender é porque desperdiçou a vida. Os meus pais erraram, meu irmão errou e eu aprendi. Todos nós temos defeitos e todas as famílias têm problemas e temos que fingir que somos super-heróis? Não, gente! Somos humanos, temos cicatrizes e estamos aqui aprender e para somar nessa vida.

Você foi parceiro profissional de Marcius Melhem e por mais de 10 anos. Em 2020, ele foi acusado por um grupo de atrizes de assédio sexual e moral. Você não teve receio que isso respingasse em você?

Não.

(Silêncio)

Você fala com o Melhem?

Não falo sobre o Marcius Melhem.


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