ARACAJU, SE (FOLHAPRESS) - Pouco antes da pandemia de Covid-19, Alexandre Rodrigues virou assunto nas redes sociais por um motivo: pela falta de trabalho como ator, ele precisou virar motorista de aplicativo para ajudar nas contas. Aliado a este trabalho, Rodrigues, o Buscapé do filme "Cidade de Deus" (2002), viu-se numa situação inesperada e extremamente favorável no momento de maior crise econômica da história recente.

"Durante a pandemia foi o melhor momento profissional da minha vida. Eu vivo de milagres", afirmou ele, em entrevista à Folha de S.Paulo. Em 2019, Rodrigues havia acabado de deixar a Globo após o fim da novela "O Outro Lado do Paraíso" (2017), e não queria mexer na reserva de dinheiro que tinha da novela.

"Uber estava super em alta, eu peguei um carro e decidi dirigir por dois motivos. O primeiro, para tirar uma grana, e o segundo, para conhecer São Paulo. Não sei exatamente nome de rua, mas só me dá uma referência que eu vou saber chegar. Grana eu não ganhei muita", diz.

O "milagre" aconteceu pouco antes de a pandemia estourar, em fevereiro de 2020. O ator ficou dois anos como contratado da Globo por causa do adiamento das gravações da segunda temporada da série "Aruanas". "Eu assinei com Aruanas no final de fevereiro, e logo em março, estourou a pandemia. Eu fiquei dois anos contratado porque nem eu e nem ninguém sabíamos quando iríamos gravar", explicou.

De fato, "Aruanas" só foi ser gravada em meados de 2021, e ter um contrato com a Globo lhe deu tranquilidade. Nos últimos anos, Rodrigues focou seu trabalho em produções de cinemas e em curta-metragens. Um deles, foi uma peça publicitária que reviveu seu personagem mais clássico. "Eu tinha umas duas semanas de folga em 'Aruanas' e gravei esse curta que está rolando, ganhamos até um Leão em Cannes recentemente", diz, orgulhoso.

Com 40 anos, Alexandre Rodrigues está na ativa desde a explosão de "Cidade de Deus" e comemora o aumento da representatividade negra na televisão. Para ele, o filme de Fernando Meirelles, indicado a quatro Oscars em 2004, abriu portas.

"O que a gente viu, o que eu vi, de movimento dentro das favelas para criar cinema, conteúdo, foi enorme. As pessoas se viam representadas com o filme. Hoje, tem o Nós no Cinema, a Cufa, o Afroreggae fazendo muita coisa, e coisa legal, de qualidade. Depois que o filme explodiu, a galera foi atrás. Viu que era possível", afirmou.

A VOLTA DE BUSCAPÉ EM SÉRIE

Nos próximos meses, Buscapé vai voltar às telas. Rodrigues será protagonista da série baseada no longa, que vai contar a história dos personagens 20 anos depois do filme. Por causa do contrato com a Warner, que vai prozudir, ele não pôde dar nenhum spoiler. Mas se disse animado e orgulhoso: "Revisitar esse personagem é sempre muito prazeroso. Ele segue um pouco a minha linha de vida. Ele cresce, vira um profissional reconhecido, premiado, e a vida vai levando-o para lugares que ele nem imaginava".

Mas antes de Buscapé, Rodrigues vai ser visto em "Justiça 2", continuação da série de Manuela Dias, na Globo. Ele já terminou de gravar sua participação no núcleo que envolve Nanda Costa e Paolla Oliveira. "É uma trama de filme gringo. Se você assistir um, você vai querer ver o resto. O texto é excelente. Eu queria ter gravado mais, mas meu personagem é importante para a trama andar".


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