SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - Há quase 32 anos, no dia 7 de agosto de 1991, Xuxa, 60, e Leticia Spiller, 50, foram alvo de uma tentativa de sequestro no Rio de Janeiro.
Enquanto gravavam o "Xou da Xuxa" no Teatro Fênix, do lado de fora, dois irmãos paulistanos que planejavam o crime eram perseguidos pelas ruas do Jardim Botânico, zona sul da cidade.
A ação começou quando um policial foi morto e outro foi ferido ao abordar um carro estacionado irregularmente na Avenida Lineu de Paula Machado, endereço do Teatro Fênix. Ao abordar o Chevette, os dois oficiais foram recebidos a tiros. Um morreu na hora, com um disparo no peito, e o outro ficou gravemente ferido.
O carro fugiu, mas foi perseguido por seguranças em um carro-forte que passavam por ali. Houve uma intensa troca de tiros por cerca de um quilômetro, até que os fugitivos pegaram a contramão na Rua Maria Angélica e colidiram com outro carro.
No veículo, estavam os irmãos Loricchio, de 18 e 21 anos -um deles morreu na hora, com um tiro na cabeça. Seu nome era Douglas. O outro, Alberto, teria sido baleado e estava ferido no pescoço, tórax e pulsos. Segundo vigias do carro-forte, ele teria tentado se matar com cacos de vidro no local. Ambos eram estudantes e técnicos em eletrônica -um deles foi descrito como um "gênio" por um ex-professor.
Um policial que acompanhou o rapaz na ambulância disse que se tratava de uma tentativa de rapto das famosas. Ele teria dito ao oficial que "amava Leticia" e levaria a paquita, então conhecida como Pituxa Pastel, com Xuxa para São Paulo, porque elas eram "exploradas sexualmente".
O carro havia sido transformado com armamento pesado e tinha um mapa da região. Na parte dianteira, havia duas escopetas embutidas que podiam ser acionadas com um botão no painel. Na parte de trás, mais quatro escopetas. Os irmãos tinham ainda revólveres, granadas de mão e bombas com alto poder de destruição. Segundo uma reportagem do Jornal do Brasil, eles poderiam causar destruição em um raio de oito metros. O Teatro Fênix estava marcado no mapa.
Xuxa e Letícia só ficaram sabendo do ocorrido horas mais tarde. "O que é que houve que vocês estão todos aqui? Se é sobre o que aconteceu aí fora, eu não vou falar nada", disse a apresentadora ao se deparar com vários jornalistas na porta do teatro. Segundo a imprensa, a empresária Marlene Mattos não deixou Xuxa saber do crime para não prejudicar o clima alegre das gravações.
Leticia disse que a ação foi um ato de "fanatismo". "As pessoas estão muito fora de si, precisam acreditar mais em Deus e respeitar o próximo", disse ela ao JB, no dia seguinte ao crime. Três anos depois, à Folha de S.Paulo, ela não quis comentar o ocorrido: "Não gosto de falar sobre isso".
O sequestro já era planejado havia cerca de cinco meses, segundo reportagem do Jornal do Brasil. Os rapazes já teriam ido ao Rio pelo menos três vezes nos meses anteriores, alegando que estavam procurando emprego. A família deles, porém, ficou chocada com o ocorrido e não acreditava na versão de que eles planejavam um rapto.
No dia 12 de agosto, cinco dias depois do incidente, Alberto Loricchio morreu no hospital do Departamento do Sistema Penitenciário (Desipe). A família suspeitou da morte do rapaz, que se recuperava bem após uma cirurgia.
O inquérito foi arquivado após a morte dos dois únicos suspeitos.
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