SÃO PAULO,SP (FOLHAPRESS) -A atriz Aracy Balabanian, morta nesta segunda-feira (7), considerava que seu papel como dona Armênia ?nas novelas "Rainha da Sucata", de 1990 e "Deus nos Acuda", de 1993? não seria bem aceito nos dias atuais.

Em entrevista ao programa Video Show, em 2017, a atriz afirma que já naquela época o personagem era controverso. Apesar do sucesso de dona Armênia no período em que as novelas estiveram no ar, segundo Balabanian havia críticas por parte da população armênia no Brasil. "Diziam que não falavam daquele jeito", comenta a Aracy.

Questionada pelo apresentador Otaviano Costa sobre como seria reviver a personagem hoje, com a expansão da internet e das redes sociais, a atriz afirma que certamente seria alvo de críticas. "Eu ia ser crucificada", diz.

Na mesma entrevista, Aracy comenta sobre seu papel favorito. "Meu maior orgulho e felicidade foi ter feito 'Vila Sésamo'. As crianças aprendiam a ler, muita gente dizia 'meu filho não falava e começou a dizer 'um, dois, três, quatro, cinco...'. Já me chamaram de 'a minha Xuxa'"

Relação pessoal com a Armênia

Ela própria filha de refugiados da Armênia, Aracy declamava quando criança poemas na língua dos pais. A atriz advogou pela memória das vítimas do genocídio patrocinado pelo governo otomano contra a minoria armênia. Estima-se entre 800 mil e 1,8 milhão de vítimas do massacre realizado durante e após a Primeira Guerra Mundial.

Em 2015, Aracy falou ao jornal O Globo sobre o fato.

"Mesmo tendo sido criada com tanta dor, nunca cresci com mágoa, rancor. Até fazia brincadeiras, como uma em que, quando me enfeitava muito, dizia que virava uma turca muito bonita ? contou, em tom de piada. ? Frequentei muito a colônia armênia. Minha mãe me ensinava poesias em armênio para declamar todo 24 de abril, noite da lembrança. Eu fazia todos os outros chorarem muito ouvindo isso. Ali vi que gostava do palco."

Aracy Balabanian morreu aos 83 anos na manhã desta segunda-feira, dia 7. A morte foi confirmada pela assistente pessoal da artista. O local do velório ainda não foi divulgado pela família, mas informações preliminares indicam que será em um teatro no Rio de Janeiro, com cerimônia aberta ao público. O corpo da atriz será cremado em liturgia reservada a familiares.


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