SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A julgar pelo volume de sangue derramado no primeiro episódio de "Gen V", a série derivada de "The Boys" vai se manter fiel à violência de sua originária. Há sangue jorrando de cortes nas mãos, degolações, implosões humanas e até de menstruação.
Nem o ar mais pueril e protegido da universidade onde a trama se passa, distante, em teoria, dos perigos que ameaçam cidades inteiras em "The Boys", impediu que a violência se tornasse, na nova série também, uma marca registrada.
E não só. O sexo, essencial para que a antecessora bombasse nas redes sociais com absurdos pornográficos como a "super-suruba", faz sangue e sêmen se misturarem nos primeiros episódios de "Gen V".
Com estreia agora no Amazon Prime Video, o título acompanha Marie Moreau, uma jovem que acaba de ingressar em Godolkin, a mais prestigiosa universidade para super-heróis dos Estados Unidos. Ela sonha em combater o crime, mas chegando lá se frustra ao saber que a maioria dos formandos vai acabar como marionetes circenses para a empresa que controla tudo o que é relacionado aos superpoderosos.
Capaz de controlar o sangue, ela luta ainda com um passado traumático e logo se enturma com Emma, capaz de virar uma versão em miniatura de si mesma; Andre, que controla metais; Cate, que induz qualquer pessoa a fazer o que ela quiser com o toque das mãos; Jordan, um metamorfo que alterna entre uma versão feminilizada e outra masculinizada de si mesmo, e Garoto Dourado, o popular que entra em combustão quando quer.
Se o sexo entre um humano e um polvo não foi choque suficiente em "The Boys", "Gen V" chega para rivalizar nesse quesito. Não demora muito até a primeira prótese peniana ser mostrada, estourada, na tela, enquanto a estudante capaz de diminuir seu tamanho se balança no órgão, como se estivesse num pole dance.
Pouco depois, o segundo pênis falso entra em cena ?mas dessa vez em chamas, já que o Garoto Dourado acaba queimando suas roupas sempre que entra em combustão.
Mas não é só de sexo e sangue que vive o universo criado por Evan Goldberg, Eric Kripke e Craig Rosenberg. Os alunos logo descobrem que, sendo este um spin-off de "The Boys", há algo de sombrio por trás da universidade e das figuras aparentemente paternais que a chefiam.
De novo, a podridão de um mundo que fabrica super-heróis para que cidades fechem contratos milionários com a empresa que os agencia, assim eles podem salvar seus cidadãos de qualquer perigo e virar, eles próprios, uma marca, é mostrada com um humor ácido que respinga na nossa realidade.
"Isso comprova o que sempre digo, que estamos na era do pós-racismo", diz uma personagem branca ao parabenizar o primeiro herói negro a entrar no grupo de elite de salvadores do povo americano. Pouco depois, uma outra representante da mesma empresa deixa claro que Jordan, não binário, pode até ser excepcionalmente talentoso, mas jamais seria aceito em regiões conservadoras do país e que, portanto, seria melhor ignorar o herói.
E, como toda série adolescente, dilemas do "coming of age" estão presentes, mas do jeitinho "The Boys", com criatividade de sobra. Emma, estudante que diminui de tamanho, precisa forçar o vômito para alcançar tal feito. Jordan tem suas questões de identidade de gênero exploradas por meio de seu corpo metamorfo. Bulimia, depressão, suicídio, o despertar sexual, uso de drogas e outros dilemas adolescentes estão lá, mascarados.
Para os brasileiros, há ainda o gostinho especial de ver Marco Pigossi em cena, mesmo que ele demore para aparecer. Ao que tudo indica, ele não é exatamente o tipo de mocinho que o consagrou na TV brasileira, comandando um laboratório no subterrâneo da universidade.
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