SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Se depender de Cissa Guimarães, 66, o novo Sem Censura, agora sob sua batuta na TV Brasil, seguirá honrando o nome e não colocará limite algum para os debates. Ela reforça que, apesar de a atração focar em cultura e comportamento, não existe nenhuma diretriz para só chamar convidados que pensem a favor do atual governo Lula.
Vale lembrar que a TV Brasil é uma rede de televisão pública pertencente à EBC (Empresa Brasil de Comunicação), conglomerado de mídia do governo federal. "Importante salientar que quem vem no programa é que se sente sem censura. Ninguém se sente engessado. Aqui é uma TV pública e pode falar o que quiser", diz ela ao site F5.
Diretora de conteúdo e programação da EBC, Antonia Pellegrino também afirma que não haverá restrições quanto a temas, abordagens ou convidados de diferentes espectros políticos. "O Sem Censura recebeu esse nome na época da ditadura e seguiu com esse nome justamente por carregar debates que eram e são relevantes à sociedade", comenta. "E não tem como debater se houver limites."
"Não vamos vetar fulano ou beltrano, não trabalhamos assim, vamos ouvir todo tipo de gente", continua. "A EBC tem a missão de fomentar o senso crítico do cidadão. E o tom da Cissa permite a abordagem de assuntos sérios, mas com risada, deboche, brincadeiras."
O convite para que Cissa encabeçasse o programa surgiu após mais de 45 anos na Globo, de onde se desligou em 2021. Em entrevista, a atriz e apresentadora ainda fala sobre essa transição, sobre o que leva das antigas apresentadoras, das comparações que poderão surgir e da espontaneidade, uma marca registrada que ela pretende inserir nos debates.
Além da âncora, Dadá Coelho, Rodrigo França e Murilo Ribeiro, o Muka, entre outros nomes, se revezarão como debatedores fixos. O programa iniciará sua nova encarnação nesta segunda-feira (26), às 16h, ao vivo.
PERGUNTA - Qual é a sensação de ser a nova apresentadora do Sem Censura?
CISSA GUIMARÃES - Me sinto uma criança que ganha um presente. Não deixa de ser um resgate da nossa democracia. É um programa icônico, tradicional, que faz parte da vida dos brasileiros. Sinto uma alegria quase que infantil que se mistura a uma honra grande e, claro, a uma responsabilidade. Na minha trajetória, talvez seja um dos trabalhos mais sérios.
Você assistia ao programa com as outras apresentadoras? O que leva de cada uma?
C. G. - Eu fui várias vezes como convidada em muitos momentos, com a Lúcia [Leme], com a Leda [Nagle], a Vera [Machado]. Mas estou querendo fazer do meu jeito. Se a emissora me convidou, é porque gosta desse meu jeito. Sou espontânea, e o que vem na cabeça eu falo mesmo. Afinal, é sem censura.
Está preparada para comparações?
C. G. - Não tenho o menor receio de comparações. Creio que elas acontecerão, mas cada apresentadora teve seu estilo. Eu, como atriz, já substituí outras colegas em peças de teatro e dentro da Globo, como a Ana Maria Braga, a Fátima Bernardes... O que seria do amarelo se todos gostassem só do verde? Estou preparada e feliz. Sempre reverencio quem veio antes de mim.
Tem alguma estratégia como âncora do programa?
C. G. - Eu sou a âncora que fica na frente da bancada, costuro e norteio o programa e passo a bola para os outros debatedores. Serão muitos. O que pretendo é continuar a escutar, porque por mais que esteja na frente da bancada, a estrela é o programa, são os convidados, as histórias que serão compartilhadas. Quero levantar a bola para os colegas serem os protagonistas.
Fale um pouco sobre os convidados. Quem vai marcar presença?
C. G. - É um programa diário, de segunda a sexta, ao vivo, das 16h às 18h. Temos uma listinha, mas é uma coisa mega secreta. Serão três convidados por dia e é muito difícil juntar as pautas de todos. Nossa equipe trabalha arduamente aqui. Procuramos pessoas que tenham a ver umas com as outras. [O programa terá entre nomes Claudia Raia, Miguel Falabella, Xande de Pilares e Luciana Barreto].
Como a sua espontaneidade pode te ajudar no programa?
C. G. - Não tenho como fugir disso, sou uma baixinha de 1,57 m. Sou assim. Quando alguém compra, vem o pacote. Claro que não sou mais aquela Cissa do Vídeo Show [Globo, 1986-2001], que tinha outra proposta de entretenimento. Eu fazia tudo com graça. Agora, no Sem Censura, haverá momentos de bastante seriedade. Mas não mudo meu jeito. Me falavam que eu tinha um precipício na boca, as palavras se jogavam, quando vejo já falei, sou ariana, impulsiva. Mas as pessoas também se sentem mais à vontade de conversar dessa maneira.
Após mais de 40 anos de Globo, hoje você concorda que existe vida fora dela?
C. G. - Fiquei 46 anos lá, foi a maior parte da minha vida. E, por mais que a gente saiba que existe vida, quando a gente sai, fica meio órfão. Existe um luto. Aprendi muito lá dentro, mas todos nós, atores que saímos da Globo, temos mais chances do que quando estamos lá. E eu nunca ganhei na loteria nem em quermesse, mas agora recebo esse presente de virar a apresentadora do Sem Censura.
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