Poesia mineira encanta Portugal Antologia Oiro de Minas - a nova poesia das Gerais é proposta de editora lusitana que já havia publicado obra de um juizforano
*Colaboração
02/07/2008
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Oiro de Minas - a nova poesia das Gerais é uma antologia de dez poetas de Minas Gerais que começaram a publicar na década de 1980, organizada por Prisca Agustoni (foto). A obra vai ser lançada na próxima quinta-feira, 03 de julho, em Juiz de Fora.
O objetivo do livro é mostrar o panorama da poesia mineira feita pela geração posterior a Adélia Prado, Affonso Romano de Sant'Anna, e Carlos Drummond de Andrade. Embora a poetisa, nascida na Suíça, seja apaixonada pela poesia mineira, a idéia não partiu dela.
Segundo Prisca, seu nome foi cogitado quando o editor Ozias Filho procurou o também poeta Iacyr Anderson Freitas propondo a publicação de uma antologia mineira pensada para o público lusitano.
"O editor já conhecia a poesia do Iacyr por outros meios e se encantou por ela.
Ele chegou até a publicar uma antologia do Iacyr para o público português. Ele gosta
da produção poética mineira e queria essa antologia. O Iacyr não podia fazer e
sugeriu o meu nome porque eu já trabalhava pesquisando a poesia mineira"
, conta.
Assim começou a surgir Oiro de Minas. Prisca saiu em busca de nomes para seu projeto. Depois de muitas pesquisas e, partindo do princípio de que deveriam ser poetas que começaram a produzir na década de 1980 e continuam na ativa até hoje, a poetisa chegou a dez nomes de Juiz de Fora e região, que foram selecionados por ordem de nascimento.
Os eleitos foram Eustáquio Gorgone de Oliveira (Caxambu); Donizete Galvão (Borda da Mata);
Júlio Polidoro (Juiz de Fora); Ricardo Aleixo (Belo Horizonte); Maria Esther Maciel
(Belo Horizonte); Fernando Fiorese (Juiz de Fora); Edmilson Pereira (Juiz de Fora),
Iacyr Anderson Freitas (Juiz de Fora); Wilmar Silva (Belo Horizonte) e Fabrício
Marques (Belo Horizonte).
Todos eles já publicaram, pelo menos dois livros e ainda interferem na cena literária de alguma forma. Esses poetas estão ligado à cultura ou na profissão que exercem ou na poesia. Prisca tentou perpassar a obra desses poetas, pegando um poema de cada livro, mas nem sempre isso foi possível, por uma questão de espaço e estética.
Critérios
Prisca conta que a escolha dos poemas que entrariam na antologia partiu, basicamente, do seu gosto pessoal, mas para evitar que essa seleção ficasse injusta ela convocou dois estudantes de Letras e Filosofia, leitores de poesia e com um olhar treinado, para ajudá-la.
Carolina de Oliveira Barreto e André Luíz Freitas Dias leram as poesias de cada um dos autores e selecionavam as que mais gostavam. Aquelas que eram unanimidade entre os três foram selecionadas para fazerem parte da reunião de obras.
Outro critério utilizado foi a questão da viabilidade do poema. "Ficou definido
um determinado número de páginas para cada autor pra evitar disparidades, então,
poemas muito grandes, por exemplo, não foram selecionados"
.
Evitar complicações para o editor também foi uma preocupação de Prisca, porque a
editora é quase caseira e Ozias Filho acompanha pessoalmente todo o trabalho. Nesse
sentido, "
poemas concretistas, que exigem muito do trabalho gráfico também não
entraram por uma questão de padronização estética"
, justifica.
Quanto aos temas, Prisca tentou evitar poemas que falassem de Minas Gerais de forma
explícita porque a idéia era apresentar os poetas para o público estrangeiro e isso
seria muito óbvio. "Os poetas escolhidos têm um trabalho sério com a
palavra.
Seria até desonesto com eles reduzí-los a uma questão puramente geográfica. O trabalho
deles é muito consciente, simbólico, metalingüístico e não merece ficar só nesse
aspecto referencial, quase saudosista"
, alega.
Questionada sobre o fascínio que a poesia de Minas Gerais exerce sobre os portugueses,
a poetisa arrisca uma explicação. "Acho que os dois países estão muito ligados
entre si por causa da imigração. Alguns aspectos da cultura portuguesa foram preservados
em Minas. Esse é uma Estado central para a história da imigração"
, palpita.
Depois do lançamento em Juiz de Fora, a antologia, que já foi lançada em Lisboa, segue para Belo Horizonte e aguarda negociações para ser apresentada também aos públicos carioca e paulista.
O lançamento de Oiro de Minas - a nova poesia das Gerais acontece no dia 03 de julho, no Mezcla (Rua Benjamin Constan,720 - Centro), às 20h.
*Marinella Souza é estudante de Comunicação Social da UFJF