Karate KidKarate Kid – EUA – 2010
Um filme é eterno. Eterno, pois depois da obra pronta é impossível 'desfaze-la' e, levando-se em consideração as novas maneiras de armazenamento de conteúdo, um filme feito sempre existirá em alguma biblioteca ou banco de dados. Já uma obra-prima, mais do que eterna, é atemporal: vinte, trinta, quarenta anos depois ainda consegue ser pertinente e causar fascínio em quem a assiste pela primeira vez.
Karate Kid de 1984 é um desses filmes que emocionaram uma geração e que ainda encanta novos espectadores. A dúvida que fica é por que Hollywood insiste em refilmar clássicos atemporais (prática que ficou comum com clássicos de terror oitentista).
Na versão dos anos 2000, o adolescente Daniel San dá lugar ao menino Dre, que tem de se adaptar a uma nova vida na China, para onde vai com sua mãe a trabalho. A premissa básica está lá, mas a ambientação na China e a infantilização do protagonista faz de Karate Kid um filme completamente diferente do original. O que pode ser decepcionante.
A nova versão tenta, a todo momento, trazer a história para o atual momento cultural americano: estão lá o hip hop, o break, o pop americano e os Ipods. Quem tentar encontrar a mesma mensagem e a mesma lição de vida do Karate Kid de 1984 não encontrará. Enquanto no anterior temas como a adaptação de Daniel San a um novo ambiente são tratados com mais delicadeza, neste novo isso é demasiadamente evidenciado a cada cena nas ruas chinesas. É tudo muito explícito e, portanto, forçado.
Apesar disso, é interessante ver a interação de Jaden Smith (filho de Will Smith) com Jackie Chan, que consegue interpretar bem um personagem que não seja ele mesmo. Mesmo assim, quem conhece a primeira versão sentirá falta da espirituosidade de Pat Morita. Ele é, definitivamente, 'a cara' de Karate Kid.
Ao final da sessão, a impressão que fica é de que Karate Kid é um filme que se aproveita do sucesso e poder da obra original para se lançar e se vender, sem ter nenhuma relação com o filme que o precedeu a não ser uma história parecida.
O problema é que Hollywood dá sinais de que refilmar clássicos é um novo caminho para a indústria. Pelo que parece, a "fábrica" cinematográfica americana não percebeu que se quisermos assistir um clássico, como Psicose, Casablanca ou Karate Kid, o faremos indo direto à fonte, ao original, pois a magia desses filmes não se perde com o tempo.
Rafael Tavares é diretor, produtor e roteirista audiovisual, formado em Produção Audiovisual e pós-graduando em TV, Cinema e Mídias Digitais
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