Dnar Rocha Vida e obra do artista são retratadas no documentário dirigido por Élveli Xavier

Daniele Gruppi
25/03/2008

"Dnar Rocha - Pelos Caminhos da Arte" é um documentário dirigido por Éveli Xavier que resgata a vida e a obra de um artista que Juiz de Fora perdeu há pouco mais de um ano. O desenhista e pintor se destacou por ter feito das artes plásticas o veículo e o conteúdo de sua história, pontuada por vocação, cor e poesia.

A diretora Éveli Xavier teve o primeiro contato com Dnar Rocha quando ele a procurou para fazer um trabalho, em 2004. "O artista me pediu para passar as imagens da cerimônia em que ele recebeu o título de cidadão honorário de Juiz de Fora (Dnar era nascido em Tabuleiro) de VHS para DVD. Nesses encontros de levar a fita, aprovação e busca fui conhecendo-o melhor. Já cursava a faculdade de cinema e realizava um curso de documentário no Rio de Janeiro, com o diretor do filme Tropa de Elite, José Padilha, e aí surgiu a idéia de realizar o documentário", conta.

A cineasta fez a proposta para Dnar Rocha e, em 2005, começou a gravar entrevistas com o artista para serem editadas e entregues como um trabalho de conclusão de uma disciplina na faculdade. "Fiz uma edição de cinco minutos sabendo que poderia ir além. Dnar tinha muita história para contar".

Foto da gravação do documentário Foto da a gravação do documentário

Neste mesmo ano, entrou com o projeto na Lei Murilo Mendes, entretanto não conseguiu aprovação. Fez adequações e tentou o recurso novamente em 2006, e dessa vez teve sucesso no propósito. "Quando recebi a notícia, fui contar à Dnar e soube que estava doente e que iria fazer uma cirurgia para retirar um tumor cerebral. Foi um choque. Ele entrou em coma e dois meses depois faleceu.

Éveli Xavier relata que ele deixou uma lista com nomes de pessoas interessantes para conversar. "Fiz 32 entrevistas, que contabilizaram 58 horas. Algumas nem entraram no documentário outras não, porque o que impera é a narrativa. O trabalho é enriquecido pelo “olhar mineiro” do artista sobre a vida e o mundo. Optei também por não mostrá-lo doente".

Ela define a produção como o resultado da união de muitos amigos de Dnar e de sua equipe. "Trata-se de um resgate de um artista memorável e fantástico". O documentário "Dnar - Pelos Caminhos da Arte" tem duas versões: uma média-metragem (37 minutos) e outra curta-metragem (20 minutos).

Dnar Rocha

Foto de Dnar Rocha pintando Nascido em Tabuleiro, Dnar Rocha (21/7/1932–24/11/2006) foi boiadeiro, prático de farmácia, barbeiro e contador. Entretanto, a vocação para a arte sempre falou mais alto. Cores fortes, pinceladas densas e precisas são as características de suas obras, que podem ser consideradas a síntese da pintura de Juiz de Fora. Em uma entrevista para o documentário, Dnar conta que a pintura o perseguia, que era um processo sofrido e que chegava a ter medo dela.

Participou de movimentos artísticos, como a mobilização pela transformação na antiga fábrica têxtil Bernardo Mascarenhas num centro cultural dinâmico, esteve na linha de frente da campanha pela recuperação do Museu Mariano Procópio e pela criação da Associação Cultural de Apoio ao primeiro museu de Minas Gerais. Também defendeu a restauração do Cine-Theatro Central.

Segundo Éveli, era um homem de personalidade marcante. O professor e escritor Lucas do Amaral afirmou no Dnar – Pelos Caminhos da Arte que o artista não era de pavonear, mas era muito consciente do seu valor.

Sobre Éveli Xavier

Foto de Éveli Xavier Éveli Xavier formou-se em cinema no ano de 2005, com especializações em assistente de direção, em cinema na Academia Internacional de Cinema no Rio de Janeiro, com Jorge Monclar. Participou de cursos sobre documentário com o diretor José Padilha e cursos sobre direção de atores com Walter Lima Jr. Entre 2006 e 2007 participou como assistente de direção nos curtas metragens: “O Partidão”, “Sobe ou Desce” e “Os Moralistas”, todos de Jorge Monclar. Agora, pretende participar de festivais com a versão em curta do documentário Dnar – Pelos Caminhos da Arte e também fazer uma pós-graduação.