Teatro, documentário, TV e cinema estão entre os projetos de Adelino Benedito para 2011Ator juizforano está em fase de produção do documentário que vai contar a história de seu pai. Ele ainda pretende levar a peça Piastras e Fuxicos para São Paulo

Aline Furtado
Repórter
6/12/2010

O ano de 2011 deve ser de buscas e oportunidades para o ator juizforano Adelino Benedito, o único que não tem, no currículo, trabalhos em televisão a participar do Troféu Raça Negra, realizado anualmente em São Paulo. Um dos projetos para o próximo ano, iniciado em 2010, tem relação direta com suas raízes.

Trata-se de um documentário que vai contar a história de seu pai, o compositor de samba Biné, que completou 83 anos e sempre teve forte ligação com a Escola de Samba Turunas do Riachuelo. "Estamos na fase de busca pelas pessoas que poderão contribuir para o projeto, dando seu depoimento sobre meu pai. Pretendo finalizar esta etapa em janeiro e, ainda em 2011, lançar Biné, o samba e seu compromisso", explica o artista.

Nascido no bairro Santa Cecília, ele conta que o fato de ter vindo de uma família que sempre teve forte ligação com as artes foi fundamental para a definição de sua carreira. "Todos [os familiares] têm relação com a música, seja o samba ou o contato com instrumentos musicais, como a sanfona, por exemplo." Benedito conta que, com o passar do tempo, o foco dele passou a ser a dança e a interpretação.

"Ainda no bairro, comecei a fazer aulas de street dance e break, mas, naquela época, percebia que a vontade estava mais voltada para o teatro, foi quando, há dez anos, comecei a fazer aulas de interpretação." A partir de então, veio a primeira apresentação com caráter profissional, Gangues de Gatos."

O contato com a dança possibilitou ao artista a participação em dois espetáculos, Quebra Nozes e Dom Quixote, nos quais dividiu o palco com a bailarina do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, Ana Botafogo. "Hoje em dia, estou mais voltado para o teatro, mas já trabalhei muito com dança, inclusive dando aulas de dança de salão em um projeto voltado para a comunidade."

Além dos dois espetáculos que mesclavam teatro e dança, o ator já viajou por algumas cidades do Brasil, mostrando sua arte. "Já fiz muita coisa bacana em Juiz de Fora, no Rio de Janeiro, em São Paulo e no Paraná." Entre as peças, estão  Love Songs, Ser ou não ser, Velório para morrer de rir, além de Piastras e Fuxicos, que vai ganhar os palcos de São Paulo, Campinas e São José dos Campos, a partir de março de 2011. Além de atuar, ele trabalha com produção cultural de espetáculos que viajam pelo país.

Entre as dificuldades ao longo dos dez anos de carreira, o artista aponta a instabilidade como a principal barreira. "É preciso correr muito atrás, não basta esperar que as coisas aconteçam. Quando estava em cartaz com Velório para morrer de rir em São Paulo, por exemplo, já estava providenciando a montagem de Piastras e Fuxicos por lá."

Negro Teófilo Frente e Verso
TV e cinema

No cinema, o ator já trabalhou em curtas como Vida Bandida, ao lado de nomes como Ricardo Petraglia, Luísa Brunet, Laura Proença, entre outros, além dos curtas juizforanos Estante de um lápis e O Terminal. "Pretendo fazer televisão e cinema em 2011. Para ator e atriz, a visibilidade que estes meios proporcionam é interessante porque pode abrir portas."

JF como referência

Para Benedito, que divide seu tempo entre Juiz de Fora e São Paulo, devido à montagem do espetáculo Piastras e Fuxicos, sua terra natal é uma espécie de referência. "Mesmo que saia daqui, como saí por um tempo [quando morou no Rio de Janeiro], vou olhar para Juiz de Fora como a cidade para onde volto sempre. Infelizmente, para expandir meu trabalho, o máximo que posso conseguir por aqui é mais público, mas em termos financeiros e de oportunidades, é difícil esperar muito. A cidade conta com inúmeros talentos, mas é fundamental que haja valorização ao trabalho."

Velório para morrer de rir Quebra Nozes Ser ou não ser
Dívida social

Um dos projetos futuros do artista é desenvolver um trabalho com foco no social. "Quero dar oportunidade a pessoas menos favorecidas financeiramente, a jovens que não têm contato com expressões artísticas. Sinto que tenho uma dívida com relação ao aspecto social. Pretendo oferecer e contribuir com um pouco do meu talento."

Embora não haja nada definido com relação ao projeto, Benedito destaca que pretende oferecer aulas de teatro, dança e música. "Meu contato com o teatro aconteceu depois da adolescência. Com este trabalho, quero proporcionar que crianças e jovens tenham oportunidade mais cedo."

Ele conta que a ideia surgiu durante o espetáculo Frente e Verso, um monólogo musical, fruto de uma pesquisa intensa sobre moradores de rua. "Parti do pressuposto de que se tratavam de pessoas dignas da piedade alheia, mas muitos estão ali por opção. Aprendi muito durante aquele período, ainda que o retorno financeiro não tenha sido positivo." Segundo o ator, o público não tem interesse em dramas, preferindo comédias. "Para grande parte das pessoas, lazer tem que ser sinônimo de risadas e diversão."

Os textos são revisados por Thaísa Hosken