Modernidade e tradi??o est?o lado a lado nas festas juninas Juizforanos, como todo brasileiro, mant?m o h?bito ancestral das festas. E a quadrilha ? mais uma manifesta??o cultural que chegou ao Brasil com Dom Jo?o VI

Fernanda Fernandes
Rep?rter
30/06/2008

Comida t?pica, quadrilha e muita alegria s?o caracter?sticas que a modernidade n?o conseguiu tirar das festas juninas. ? uma tradi??o que o brasileiro n?o perde e que mobiliza tamb?m os juizforanos. S? o Arrai? da Funda??o Esp?rita Allan Kardek (Feak), que ? organizado h? 12 anos, reuniu 6.500 pessoas no ?ltimo dia 21 de junho, segundo um dos organizadores Armando Falconi Filho.

? verdade que essas festas adquiriram propor?es bem maiores no Nordeste, mas est?o presentes em todo o Brasil, no campo ou na cidade. Nas origens, elas s?o rituais do fogo, da fartura e da alegria da chegada do ver?o. S?o tradi?es pag?s que o cristianismo adaptou, transformando S?o Jo?o e S?o Pedro nos santos mais festeiros do calend?rio.

O estudioso da cultura popular e professor aposentado da UFJF, Ant?nio Henrique Weitzel, explica que, originalmente, a festa marcava o solst?cio de ver?o europeu e, com ele, a chegada da colheita. Da? vem o h?bito de assar milho, batata e amendoim na fogueira, n?o raro lan?ando ao fogo a espiga mais bonita como oferenda. "Por isso, s?o festas originalmente rurais, que incluem a chamada country dance, que chegou ao Brasil com o nome de quadrilha", explica Weitzel, que ? membro da Comiss?o Mineira de Folclore e autor de cinco livros sobre o tema.

foto do pesquisador Ant?nio Henrique Weitzel A dan?a que abria os bailes da corte na Fran?a foi trazida para o Brasil h? 200 anos, pelos artistas franceses que vieram para a col?nia com Dom Jo?o VI. "O povo rapidamente copiou os passos e fez daquilo uma esp?cie de representa??o teatral. ? quase um auto de casamento", compara Weitzel. "Hoje v?-se at? rock e hip-hop nas festas juninas, o que descaracteriza um pouco. Mas o folclore ? din?mico. O que se h? de fazer?", completa.

Algumas pr?ticas ou brincadeiras s?o subtitu?das por outras, mas, para o pesquisador, o importante ? que a tradi??o se mant?m. Na cidade, n?o ? mais t?o comum ver pau-de-sebo, as mo?as n?o plantam gr?os de milho com o nome dos namorados para saber com qual deles v?o se casar, mas ainda apostam na pescaria.

Rito pirot?cnico

Segundo Weitzel, a prova maior de como ? complicado acabar com a tradi??o est? na dificuldade de fazer valer a lei que pro?be soltar bal?es, criada em 1999 devido ao risco ambiental de provocar inc?ndios de graves propor?es. "O bal?o de antigamente levava bilhetinhos para S?o Jo?o e j? ca?a apagado. Os produtos qu?micos modernos fizeram com que ele virasse uma arma, o que ? uma pena", lamenta.

Bombinhas, foguetes e fogos de artif?cio somam-se aos bal?es entre os itens que modernizaram o culto ao fogo nessas festas. Mas a fogueira continua como um s?mbolo maior e, tradicionalmente, n?o pode ser apagada com ?gua, sendo necess?rio separar o ti??o para que o fogo termine naturalmente. Foto de uma fogueira

Desse respeito ao elemento que representa o sol, ilumina, aquece, purifica, assa e coze os alimentos v?m supersti?es como "quem brinca com fogo urina na cama", " quem cospe no fogo fica tuberculoso", "quem sopra fogo cria papo". "Talvez esse tipo de crendice esteja diminuindo, mas a presen?a do culto ao fogo se mant?m de forma natural", avalia o pesquisador.

Weitzel defende que em torno da festa junina h? uma aur?ola de familiaridade, pois se trata de uma comemora??o fechada, intimista. Muito diferente do carnaval, que ? a festa da rua, a festa junina traz o gosto do carinho e da intimidade do lar.


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