Terça-feira, 12 de maio de 2009, atualizada às 19h

Projeto monitora qualidade da água do rio Paraibuna

Daniele Gruppi
Repórter

A qualidade da água do rio Paraibuna será monitorada ao longo de 18 meses. O trabalho faz parte do projeto “Monitoramento da qualidade das águas da Bacia do rio Paraibuna em sua região mais urbanizada”, uma pesquisa do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental da Faculdade de Engenharia da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).

Segundo o coordenador do projeto, professor José Homero Pinheiro Soares, o objetivo é traçar os cenários de qualidade do Rio Paraibuna em função do tratamento parcial de fluidos domésticos, visando à melhoria da qualidade de suas águas e da vida da população do município.

O projeto consiste em medições de vazão e coleta de amostras da água do Rio Paraibuna e de oito de suas sub-bacias. A medição de vazão vai permitir o diagnóstico do volume de água escoado por segundo nos trechos do rio. Parâmetros como demanda bioquímica de oxigênio (DBO), oxigênio dissolvido (OD), temperatura, Ph e condutividade elétrica serão analisados.

O professor vai utilizar os parâmetros de qualidade como base para um modelo matemático - o Qual 2K. "Na classificação de poluição de rio, o Paraibuna está na classe III, o que significa que é poluído. Ao final do trabalho, pretendemos mostrar que se 40% dos esgotos totais forem tratados, será possível melhorar a qualidade do rio e passar a classificá-lo como nível II."

O projeto conta com o financiamento da Fapemig e com o apoio do Corpo de Bombeiros. A corporação disponibilizou um barco, equipamentos de segurança e um profissional para conduzir o barco e auxiliar na coleta das amostras. Conforme o tenente Toledo, o resultado da pesquisa é importante para o Corpo de Bombeiros. "Em casos de acidentes, vamos poder saber quais roupas devemos usar, dependendo do nível de poluição no trecho, e se realmente podemos entrar no rio para fazer o resgate."

Primeira medição

No dia 23 de abril foi realizada a primeira medição. De acordo com o professor, as informações coletadas refletem o nível de poluição. A demanda bioquímica constatada foi de 26 ml/l e a quantidade de oxigênio diluído no Paraibuna foi de 5ml/l. "Para se ter evolução da vida aquática, é preciso que a quantidade de oxigênio fique na ordem de 7,5 ou 8 ml/l. Só conseguimos a média porque a represa de Chapéu d'Uvas dilui uma parte da poluição. Em alguns afluentes, tivemos índice de 0,2, o que corresponde  praticamente a um esgoto a céu aberto." A próxima medição será no dia 22 de maio.

Disponibilidade hídrica é fundamental, diz especialista

Soares afirma que a disponibilidade hídrica é fundamental. "A quantidade de água para abastecer a indústria e a agricultura no mundo é cada vez menor e as demandas cada vez maiores, por isso a preocupação em tratar a água dois rios."

O professor acredita que as providências para melhorar a qualidade do Paraibuna devem ser tomadas imediatamente. "Se não forem tomadas atitudes para reverter o quadro, no futuro, além de não haver disponibilidade de água, o rio vai estar morto."

Para ele, Juiz de Fora precisa de uma nova estação de tratamento de esgoto. Na cidade, há duas Estações de Tratamento de Esgoto (ETE), uma em Barreira do Triunfo e outra em Barbosa Laje. Segundo a Cesama, operam com 30% da capacidade total. "Não basta apenas um município tratar o seu esgoto, mas como Juiz de Fora, dentro da bacia, é a que possui mais habitante, é ela a responsável pela maior quantidade de esgoto lançado no Paraibuna." Apenas 6% do esgoto da cidade é tratado.

Em 2006, a Prefeitura Municipal de Juiz de Fora (PJF) lançou o Programa de Revitalização Urbana e Recuperação Ambiental do rio Paraibuna, com investimento de R$ 70.260.000, sendo 10% a contrapartida da Prefeitura. Nele está prevista a construção da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) União Indústria, em Granjas Bethel, uma complementação da ETE Barbosa Lage.

A obra, iniciada em outubro de 2007, está parada desde junho de 2008, quando a Polícia Federal deflagrou a Operação João de Barro. Segundo a Prefeitura, não há, por enquanto, meios para dar continuidade à obra, pois o Executivo não tem como conseguir recursos do governo, em função da dívida com o INSS, calculada em R$ 3,2 milhões.

Monitoramento do Igam

O Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) também monitora a qualidade da água da bacia do rio Paraíba do Sul. Conforme o Mapa de Qualidade das Águas de Minas Gerais, a pior condição de qualidade de água foi observada no rio Paraibuna, após Juiz de Fora, com registro de IQA Ruim nos quatro levantamentos feitos em 2008.

Segundo o Igam, o IQA reflete a contaminação das águas em decorrência da matéria orgânica e fecal, sólidos e nutrientes, e sintetiza em um único número a interpretação de nove parâmetros considerados mais representativos para a caracterização da qualidade das águas.

Os textos são revisados por Madalena Fernandes