Rafael Tavares Rafael Tavares 3/9/2010

Par Perfeito

Cena do filme Par PerfeitoPar Perfeito é o típico filme do verão americano: ensolarado, explosivo, divertido e protagonizado por astros carismáticos e sensuais. Pelo menos é dessa maneira que o filme se vende, mas todos sabemos o quanto a prática difere da teoria.

Lançado como uma comédia romântica com traços de ação e suspense, o filme não consegue fazer jus aos gêneros que tenta pertencer: o humor não funciona, as sequências de ação não empolgam e o mistério é resolvido tão rápido que por pouco o espectador nem nota a sua existência.

Perde-se muito tempo contando como os protagonistas se conheceram e como era a vida dos dois antes do período narrado no filme. A ação dramática verdadeira só surge com uma hora de película. Informações anteriores à história podem ser contadas durante a narrativa, em pequenas doses. Par Perfeito, nos seus primeiros vinte minutos, traz uma enxurrada de informações que, no final das contas, são totalmente desnecessárias para o resto da trama.

A lentidão do primeiro ato faz com que o filme corra com o resto da história, justamente quando é interessante que o seu desenrolar seja mais lento, truncado, afinal de contas, o segundo ato é onde as coisas acontecem e é o filme em si. Para o espectador, portanto, é um tanto cansativo.

O roteiro fraco e mal amarrado prejudica ainda mais o filme. As soluções encontradas assim como as ações dos protagonistas não convencem o espectador: tudo é tão fácil e superficial que é difícil acreditar que tais acontecimentos serviram para o casal e para a família como uma experiência de vida transformadora. Nada, absolutamente nada convence.

Nem Ashton Kutcher e nem Katherine Heigl, que ultimamente parece estar interpretando sempre a mesma pessoa, e muitos menos os esteriótipos dos pais de Katherine na trama: a mãe alienada e alcoólatra e o pai distante e difícil.

Par Perfeito fica devendo ao espectador tudo aquilo que prometeu como um filme de verão; e talvez seja melhor vê-lo quando sair em DVD num domingo chuvoso (e frio) sem ter nada melhor pra fazer.



Rafael Tavares é diretor, produtor e roteirista audiovisual, formado em Produção Audiovisual e pós-graduando em TV, Cinema e Mídias Digitais