Oscar 2019: A Favorita

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Oscar 2019: A Favorita

Oscar 2019: A Favorita

Victor Bitarello 11/03/2019

 A ideia de "guerra" permeia o filme “A Favorita” em vários aspectos.

Começa pelo pano de fundo. Ele se passa à época do reinado de Ana (Olivia Colman), no início do século XVIII, quando a Inglaterra envolveu-se em um conflito armado contra a França e a Espanha, disputando o trono espanhol, pois seu rei morrera sem deixar herdeiros.

No roteiro, vemos uma batalha entre duas mulheres por uma posição: a de favorita da rainha. Ela é travada pela então ocupante do “posto”, Sarah Churchill, Duquesa de Marlborough (Rachel Weisz), e a criada Abigail Masham (Emma Stone), a qual consegue se aproximar de Ana e ir, aos poucos, se tornando também sua querida.

Por fim, no que diz respeito ao Oscar, "A Favorita", junto ao mexicano "Roma", supostamente possuía um favoritismo ao prêmio principal, já que estavam empatados com a maior quantidade de indicações - dez.

Em meio a essas lutas, vislumbramos, diante da tela, um cenário esplendoroso, com figurinos deslumbrantes, e atuações que não se veem por aí todo dia. Aquelas atrizes não vieram ao mundo a passeio.

Sobre o primeiro aspecto, eu digo que sou uma pessoa com o seguinte pensamento: nenhum país sai de uma guerra sem estar em frangalhos. Até mesmo aquele considerado vitorioso. Eles saem destroçados, com muitas perdas de vidas, de histórias. E, tanto na realidade da época, quanto no filme, temos a notícia de que foi um grande horror para o país.

Sobre Sarah e Abigail, nenhuma das duas vencem. Pelo contrário. Só se fazem mal e só fazem o mal. Mas, se me permitem filosofar um pouco, mostram uma das únicas formas da mulher daqueles tempos atingir algum lugar bem sucedido na vida, que não fosse através do casamento - mesmo que, no filme, esse "bem sucedido" significasse possuir privilégios.

Existe em "A Favorita" uma forma muito lúdica de contar alguns fatos reais. Ana sofria de graves problemas de saúde. Ao longo da vida passou por 17 abortos. Morreu muito jovem, não chegando a completar 40 anos. As escolhas de roteiro para representar suas tristezas foram muito felizes.

Olivia Colman venceu o prêmio de melhor atriz principal. Foi o único que o filme levou. Dentre as indicadas, ela não era minha predileta. Meu gosto para atuação é mais voltado para o sutil, e, com isso, quero dizer que fiquei triste por não ver Glenn Close subir ao palco para receber o Oscar. Seu trabalho em "A Esposa" é genial e digno de aplausos. Olivia teve um trabalho mais teatral, mais grito. No entanto, eu faço questão de dizer que isso não me impede de reconhecer o quanto ela foi brilhante.    

Emma e Rachel também foram indicadas, na categoria atriz coadjuvante. Quem levou foi Regina King, por “Se a Rua Beale falasse”. Das cinco concorrentes, foi o único que não vi. Deve realmente ter sido excelente, porque as outras 4 estavam muito bem, destaque para Emma Stone e Amy Adams (esta por “Vice”).

E, finalizando, ao contrário de “Roma”, “A Favorita” é ótimo, mas sem ser UAU! O prêmio que levou, por exemplo, como eu disse, não concordo. E nesse ano houve filmes fantásticos. A seleção de melhor longa estrangeiro então foi incrível. E os trabalhos de roteiro um primor. 

De qualquer forma a minha humilde dica é a de que vale muito a pena. É um filme muito bom.