Dia Mundial da ?gua levanta discussão sobre o rio Paraibuna

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Dia Mundial da Água levanta discussão sobre o rio Paraibuna Conforme resultado parcial do projeto que monitora a água do rio, nível de poluição é elevado. Solução é investir em tratamentos de esgoto doméstico

Daniele Gruppi
Subeditora
22/3/2010

Nesta segunda-feira, 22 de março, comemora-se o Dia Mundial da Água. Na data, todas as atenções estão voltadas para o debate da qualidade da água e também dos desafios para proteger e restaurar a saúde dos rios, lagos e aquíferos. Em Juiz de Fora, a discussão gira em torno da situação do rio Paraibuna, que é preocupante, de acordo com o resultado parcial do projeto “Monitoramento da qualidade das águas da Bacia do rio Paraibuna em sua região mais urbanizada”.

O projeto, coordenado pelo professor José Homero Pinheiro Soares, monitorou o rio ao longo de 18 quilômetros para traçar os cenários de qualidade da água em função do tratamento parcial de fluidos domésticos. O professor diz que a poluição do rio está classificada no nível 3 ou 4, conforme resolução do Conama, o que é considerada de intensidade elevada. "Ficamos surpresos com os níveis de poluição. Em alguns trechos, encontramos esgoto in natura."

O professor diz que a situação é mais grave nos afluentes. "Ao longo do rio temos algumas condições boas porque a represa de Chapéu d'Uvas dilui uma parte da poluição. Mas nos afluentes tivemos índice de oxigênio dissolvido menor do que 1 miligrama por litro. Para se ter evolução da vida aquática é preciso que a quantidade de oxigênio fique na ordem de 7,5 ou 8 miligramas por litro." José Homero acrescenta que nos afluentes há emissão de gás sulfídrico e de metano, resultado da decomposição anaeróbica. "Esses gases fedem muito, incomodando a população."

O relatório das campanhas de campo será encaminhado à Fapemig, financiadora do projeto, em junho ou julho, com uma proposta para reverter esse quadro do Paraibuna. A pesquisa é desenvolvida pelo Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental da Faculdade de Engenharia da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e conta com o apoio do Corpo de Bombeiros.

Soluções

Para o professor, a solução é investir em tratamentos de esgoto doméstico. "A situação requer prioridade no tratamento de esgoto e não só no abastecimento. É preciso coletar o esgoto da rua, onde os afluentes passam e encaminhar para a estação de tratamento." Ele ressalta a importância da atuação da sociedade. "A população pode contribuir não jogando lixo no rio e nem nas ruas. Além disso, pode cobrar do poder público medidas com relação ao tratamento da água. Não se despolui o rio de um dia para o outro."

Em Juiz de Fora, há duas Estações de Tratamento de Esgoto (ETE), uma em Barreira do Triunfo e outra em Barbosa Laje. Segundo a Cesama, elas operam com 30% da capacidade total, sendo que apenas 6% do esgoto da cidade é tratado. A complementação da ETE de Barbosa Lage está prevista no Programa de Revitalização Urbana e Recuperação Ambiental do rio Paraibuna, que inclui ainda a construção de coletores e interceptadores nas sub-bacias do rio e cinco estações elevatórias.

Entretanto, a construção desta estação em Granjas Bethel, iniciada em outubro de 2007, está parada desde junho de 2008, quando a Polícia Federal (PF) deflagrou a Operação João de Barro. Segundo a Prefeitura, o projeto precisou ser readaptado e, recentemente, teve a aprovação da Caixa Econômica. Atualmente, o órgão aguarda a liberação de recursos do Ministério da Cidade para retomar as obras.

Investimentos no abastecimento

No próximo mês, começam as obras de construção da adutora de Chapéu d’Uvas. Com o novo projeto, a capacidade produtiva de água do município será aumentada em 60%. Atualmente, a produção é de 1.500 litros/segundo. A captação da nova adutora gera mais de 900 litros/segundo. A previsão é de que a obra esteja concluída em 12 meses.

Segundo a assessoria da Cesama, as obras de implantação da nova adutora têm valor estimado de R$ 14.481.403,60. O investimento total para construção da adutora de Chapéu d’Uvas, incluindo a tubulação de cerca de 20 quilômetros, é de R$ 31 milhões. O financiamento é feito pela Caixa Econômica Federal e a contrapartida é paga pela Cesama. Homero lembra que quanto maior o aumento da oferta de água, maior é a quantidade de esgoto gerado. "Por isso, a necessidade de tratar o esgoto."

 

 

Comemoração em Juiz de Fora

A Cesama montou nesta segunda um estande em frente ao Cine-Theatro Central com o objetivo de divulgar o uso consciente da água, através da distribuição panfletos educativos. Uma maquete mostrando como funciona uma estação de tratamento atraiu os olhares de quem passava pelo local, principalmente das crianças.

Integrando as comemorações, o assessor de gestão ambiental da empresa, Paulo Afonso Valverde Júnior, participou do 1º Seminário Ambiental da 4ª Cia. Independente de Meio Ambiente e Trânsito Rodoviário, da Polícia Militar. Já o engenheiro da companhia, Mário de Araújo Porto Filho, ministrou uma palestra sobre a importância dos recursos hídricos para alunos da Escola Municipal Henrique José de Souza. 

Nos dias 23 e 24, representantes da companhia participarão do Fórum das Águas, que será realizado em Belo Horizonte. Ainda no dia 24, funcionários do laboratório da Cesama ministrarão uma palestra sobre qualidade da água numa faculdade da cidade. Encerrando a semana de comemoração do Dia Mundial da Água, na sexta-feira, 26, representantes da empresa debaterão sobre a importância dos recursos hídricos para funcionários de uma empresa de mineração e construção.

Os textos são revisados por Madalena Fernandes