Sábado, 24 de junho de 2017, atualizada às 8h

Mamm reabre aos finais de semana com novas exposições

Da redação
Retrato de Fraçoise - Picasso

O Museu de Arte Murilo Mendes (MAMM) volta a abrir aos fins de semana para visitação a partir deste sábado, 24 de junho. Com a ampliação dos dias de funcionamento, os devotos e amantes da cultura poderão visitar o espaço aos sábados, domingos e feriados, sempre das 12h às 18h. Nesta retomada, a população poderá conhecer três novas exposições nas galerias do espaço.

No térreo, a mostra “Ilustrações - Axl Leskochek para Dostoiévski” ocupa a galeria Poliedro com 35 gravuras que originalmente ilustravam as edições das obras do escritor russo para a famosa editora José Olympio. Nas obras aparecem retratadas cenas de “O Adolescente”, “Os Demônios” e “Os Irmãos Karamazov”. Leskochek nasceu na Áustria em fins do século XIX (1889) e chegou ao Brasil em 1939, ao término de uma jornada de fuga do Nazismo. Entre nós, o artista lecionou xilogravura para nomes como Fayga Ostrower, Renina Katz, Ivan Serpa e Edith Behring, além de ilustrar diversas publicações como “O Romanceiro do Brasil”, de Ulrich Bechers, “Dois Dedos”, de Graciliano Ramos, “Uma Luz Pequenina”, de Carlos Lacerda, assim como as cenas dos livros de Dostoiévski, nas traduções de Rachel de Queiroz e Lêdo Ivo.

Os trabalhos chamam atenção pela acuidade técnica e profundidade psicológica, reproduzindo, na equivalência do gênero, a carga dramática característica dos enredos dostoieviskianos. A textura da madeira é aproveitada ao máximo para criar a profundidade de campo e a riqueza de detalhes dos ambientes. O jogo de claro e escuro serve de elemento decisivo para remontar à gravidade das questões existenciais nas quais os personagens estão imersos.

No centro da galeria, uma didática vitrine ensina o passo a passo da produção de xilogravuras, com exibição de todos os materiais necessários para concepção da arte, desde as ferramentas para o talho até a exibição da matriz.

Exemplo clássico da técnica tradicional da xilogravura, a mostra de Leskochek divide o saguão do MAMM com a coletiva “Gravura Contemporânea - A Poética do Visível”, que por sua vez ocupa a galeria Retratos-relâmpago. A exposição apresenta 16 serigrafias que originalmente foram produzidas em técnicas diversas para a Conferência Internacional das Nações Unidas sobre Meio Ambiente, Eco-92, que aconteceu no Rio de Janeiro no início da década de 90.

As obras inicialmente foram elaboradas em técnicas diversas e depois foram serigrafadas em número reduzido, levando a assinatura dos artistas, e distribuídas para poucas instituições de cultura do país pelo Banco Bozano Simonsen. Na lista constam nomes importantes da arte contemporânea brasileira como Tomie Ohtake, Beatriz Milhazes, Carlos Vergara, Flávio Shiró, entre outros.

Do contraste entre a xilogravura e a serigrafia, os visitantes poderão ver na galeria Convergência peças do acervo do poeta que dá nome à casa. Trinta e quatro obras, do montante de cerca de 200 peças, compõem a mostra que apresenta um pouco da visão e das relações de Murilo Mendes com as artes visuais.

Com pinturas a óleo, guache, gravuras, colagens, optical art, entre outras técnicas, “Murilo Mendes - Acervo” traz um pouco das diversas fases da vida do ilustre escritor juiz-forano que ganhou a Europa.

Sob certo aspecto, a mostra realiza uma amostragem sobre as várias fases de Murilo Mendes. Um primeiro recorte apresenta o período de vida no Rio de Janeiro, no qual trava contato com artistas como Ismael Nery, Vieira da Silva e Árpád Szenes. Mais à frente, o universo europeu de Murilo se revela nas obras Pablo Picasso, Magnelli, Corpora, Shu Takahashi, além de uma cessão inteira dedicada aos abstratos italianos, com os quais Murilo tinha grande afinidade.

Espelhando o ponto de síntese entre esses diferentes domínios das artes visuais, o núcleo central da galeria abriga diversos retratos do poeta. Neste recorte, ao lado de obras famosas, como os retratos que Portinari, Guingnard e Flávio de Carvalho fizeram de Murilo Mendes, estão representações do poeta elaboradas por seus conterrâneos. O jeito absorto do homem que contemplava as colunas da ordem e da desordem aparece nos traços dos irmãos Nívea e Carlos Bracher e do artista Pedro Guedes.


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