Sábado, 21 de julho de 2018, atualizada às 10h05

Produtores culturais fazem financiamento coletivo para show da banda Surra em JF

Angeliza Lopes
Repórter

Na busca por movimentar o punk e hardcore em Juiz de Fora, o grupo de produtores culturais Rock Pé no Chão organiza um financiamento coletivo para realizar o show da banda Surra, de São Paulo, no dia 11 de agosto, no espaço Necessaire, na Rua Halfeld. "Diferente da cultura do rock independente, que está sempre em pauta, esses estilos musicais crescem de forma tímida na cidade, ao contrário da efervescência que tiveram no final dos anos 90 e anos 2000", diz o organizador e membro do coletivo, Daniel Couto. Para trazer a banda e reverter este cenário, o grupo pretende chegar na meta de R$ 2.373 até a próxima quinta-feira, 26 de julho. Já foram arrecadados 48% do total necessário para a realização do evento. (Veja o link do financiamento)

Além do power-trio santista, se encarregam de abrir os trabalhos as bandas locais Traste, Caiau e Descaminho, todas com forte trabalho autoral e que contam em sua formação com figuras carimbadas do underground da cidade.

O produtor cultural conta que a ideia surgiu após a experiência bem-sucedida, ainda em 2016, quando através da vaquinha online, os organizadores do evento conseguiram juntar cerca de mil pessoas na praça São Mateus para o show da banda Hellbenders (GO). Desta vez, cada participante pode contribuir a quantidade mínima de R$ 15 e garantir o ingresso de entrada. "As arrecadações são feitas pela plataforma Catarse que gera os nomes e contatos. Os dados serão inseridos em uma plataforma de sorteio para presentearmos com brindes de contrapartida todos que colaboraram, que vão desde CDs das bandas, camisas, vinis e até tatuagens", explica Couto.

Inicialmente, o show faria parte da programação do Corredor Cultural, em maio, com apoio da Prefeitura, igual aconteceu na primeira edição, mas o evento foi adiado e os produtores optaram por continuar com o projeto, contando com o apoio do financiamento coletivo. O organizador explica que só o lugar que mudou, a essência se manteve a mesma. Bandas tocando no chão e o público em contato direto com todas as etapas, da ajuda na organização até a presença no evento.

"O Surra já é uma banda que namoramos há tempos e estava na pauta tentar trazê-los para Juiz de Fora. Acho que eles compartilham da ideia que a gente propõe, do faça você mesmo, do rock sem glamorização, além de possuírem um bom público aqui na cidade, até onde pudemos apurar. Pra eles não tem tempo ruim. Tocam na rua, em casas noturnas, em eventos maiores... A gente se identifica com isso e por isso a escolha", reforça Couto.

Até o momento, a adesão está mediana, mas o coletivo acredita que mais pessoas vão se sensibilizar até a data estipulada. "Entendemos que o país passa por um momento difícil e muita gente ainda não conseguiu contribuir. Mas, até o momento, já atingimos 50% da meta o que torna o evento cada vez mais possível. Além disso, parte dos custos virão dos valores já arrecadados no primeiro evento que fizemos".

Os ingressos ainda serão vendidos na portaria do evento mais com valor superior ao estipulado na vaquinha on-line.

Vaquinha online

Daniel Couto avalia que as ferramentas de financiamento coletivo ajudaram artistas e produtores ficarem menos dependentes dos mecanismos de apoio público e privado, que nem sempre conseguem contemplar todo o setor cultural. "O acesso as bandas também se torna mais democrático, pois permite, como nosso caso, trazer pra pertinho do público algum conjunto que as vezes só temos acesso via internet. Isso acaba fomentando um intercâmbio também. A banda conhece a cidade, é feito o contato e combina-se das bandas daqui irem tocar lá e por aí vai", destaca.

Quanto ao futuro do coletivo 'Rock Pé no Chão', ele explica que continuará atuante, mas sem pré-agendamentos. "Não queremos tornar o projeto em algo periódico. A ideia é que a cada evento, com a renda arrecada, o custo para fazer o próximo fique menor".

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