Maestro juiz-forano defende a criação de orquestra profissional em JF

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Maestro juiz-forano defende a cria??o de orquestra profissional em JF

Maestro juiz-forano defende a criação de orquestra profissional em JFCiro Tabet contabiliza cinco CDs gravados, sendo quatro do Coral Belgo Mineira e um do Coral das Escolas Municipais de Juiz de Fora

Aline Furtado
Repórter
14/1/2012

"Infelizmente estamos perdendo muitos talentos porque não temos oportunidade de um jovem músico crescer em Juiz de Fora. O que se vê é que as pessoas buscam esta arte e acabaram deparando-se com a falta de perspectiva de vivenciar a música de forma profissional. Falta apoio e incentivo por parte de empresários e bancos. O poder público vai fazendo na medida do possível."

A constatação é do regente e produtor cultural juiz-forano, Ciro Tabet, responsável por diversas estreias mundiais, contemporâneas e brasileiras de obras variadas. Para ele, o primeiro passo seria a união da classe artística para que fosse criada, na cidade, uma orquestra ou um coral profissional.

Diante desse quadro, Tabet, que tem uma família ligada às artes, saiu do país por duas vezes para aperfeiçoar seu talento. "Fui à Itália por duas vezes, aproveitando o período de férias para me dedicar aos estudos. Além disso, mais tarde, em 1999, estive no México, como professor convidado para o II Simpósio Latino-americano de Música Coral." Na ocasião, o maestro ministrou aulas para cerca de cem regentes de corais mexicanos.

Segundo Tabet, sua iniciação na música foi decorrente de amor à arte. "Meus pais são libaneses, um povo muito ligado à expressão artística. Meu avô tocava violino e minha avó, piano. Então, as reuniões familiares eram sempre marcadas pela aproximação com a música. Sempre gostei de cantar, cantei bem, mas era preciso me profissionalizar. Como meus pais nunca me negaram oportunidade, passei a fazer aulas."

Em Juiz de Fora, o regente formou-se em técnico de música violino pelo Conservatório Estadual de Música. "Depois disso, parti para a faculdade de música, na Escola Nacional de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro [UFRJ], onde ingressei para formação em violino, mas acabei trocando, mais tarde, para regência."

Entre os corais fundados pelo maestro estão Madrigal Ad Libitum, Machado Sobrinho, Vianna Jr., Unimed, Belgo Mineira, das Escolas Municipais de Juiz de Fora e Scala Escola de Música. Além disso, esteve à frente da criação das orquestras Projeto Aspirantes, Nova Filarmônica e Camerata Scala. Foi, ainda, o regente convidado da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional de Brasília (DF).

Em 1991, assumiu como regente titular da Orquestra Filarmônica de Juiz de Fora, composta só por cordas. Hoje, está à frente, pelo 17º ano, do Coral das Escolas Municipais de Juiz de Fora; do Coral do Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação (CAEd), da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF); do Coral da Igreja Nossa Senhora do Rosário; do Coral da Scala Escola de Música; e, mais recentemente, há dois meses, do Coral da Arquidiocese de Juiz de Fora.

Festivais para recarregar a bateria

Para o regente, diante do pouco incentivo às manifestações artísticas na cidade, uma forma de manter os envolvidos atualizados e em contato com a música é a realização de festivais. "Os festivais são excelentes para recarregarmos as baterias. A Oficina de Música Cinves, por exemplo, realizado no mês de janeiro, reúne artistas de várias partes do Brasil e até mesmo do exterior. Com isso, aprimoramos e ganhamos gás para o resto do ano."

Olhares voltados para o regente

De acordo com Tabet, o maestro Isaac Karabtchevsky foi o responsável por divulgar a figura do regente, deixando-o mais próximo ao público. "O programa Concerto para Juventude, apresentado na TV, acabou abrindo essa porta. O maestro passou, então, a ser visto de uma forma mágica, como líder do grupo, como alguém que tem pulso forte, que sabe conduzir o grupo, lidando, ao mesmo tempo, com pessoas e arte, com base no comando, na segurança e na credibilidade."

CDs e ópera infantil

Tabet contabiliza cinco CDs gravados. Quatro deles, compostos basicamente de músicas brasileiras, na regência do coral Belgo Mineira, que foi encerrado, após 14 anos de existência, em agosto do ano passado. O outro CD é no comando do Coral das Escolas Municipais de Juiz de Fora, único coro oficial da cidade. O trabalho reúne hinos oficiais e músicas mineiras, com participação da pianista Maria Alice de Mendonça.

No ano de 2003, o maestro atuou como regente preparador de corais da ópera infantil O Menino Maluquinho. Considerada a primeira ópera infantil brasileira, a montagem reuniu quinze atores, trinta músicos na orquestra, além de dois corais, um adulto e um infantil. A ópera teve participação de 40 crianças de Juiz de Fora.

"Foi uma experiência fantástica e inesquecível, tendo dado oportunidade a crianças da periferia da cidade. Foi uma produção de alto nível sem grandes gastos. Uma pena não ter viajado o país em turnê, já que as apresentações foram feitas apenas no Rio de Janeiro e em Juiz de Fora.