Her?is e malandros

Ailton Alves Ailton Alves 10/03/2008

Foto de Charles Miller O futebol brasileiro, desde que Charles Miller trouxe um objeto redondo, de couro, ainda no S?culo XIX, est? repleto de her?is, malandros e malandros-her?is. O pr?prio Charles Miller foi um her?i, principalmente de registro hist?rico; Friedenreich, outro, de cunho rom?ntico; Fausto, o de tom tr?gico.

O primeiro malandro foi Jaguar?, o goleiro do Clube de Regatas Vasco da Gama que, na d?cada de 20, "metido a besta", sa?a da grande ?rea, fazia defesas espalhafatosas. Tentou usar o futebol como meio de ascens?o social (era negro e ex-estivador), aproveitou uma viagem do time ? Europa e ficou por l?. Morreu em 1940, louco, na mis?ria e esquecido.

Os cartolas s?o, desde sempre, malandros. Em proveito pr?prio e tamb?m em preju?zo dos demais. Na Copa de 1930, a primeira, brigaram entre si (cariocas x paulistas) e a sele??o que seguiu para o Uruguai n?o refletia a excel?ncia do nosso futebol.

Al?m de malandros, os cartolas tentam, com a ajuda de parte da m?dia, imputar nos her?is a pecha de malandros. Caso mais cl?ssico: o do "prezado amigo" Afonsinho, meio-campista do Botafogo, Fluminense e Santos. Her?i da Lei do Passe.

Entre os malandros-her?is temos o Almir, o Pernambuquinho. Jogou dopado na decis?o do Mundial de 1963 (Santos x Milan, quando deu pernada tr?s por quatro nos italianos) e, tr?s anos depois, impediu que o Bangu comemorasse o t?tulo de campe?o carioca ao arrumar uma grande briga no gramado. Morreu a tiros num bar de Copacabana. Nada tinha de ing?nuo.

foto de Garrincha e Pel? Garrincha, sim, foi dono de uma malandragem ing?nua, at? o fim. Em 1974, nove anos antes de morrer, ainda achava que podia jogar tudo o que jogou na d?cada de 60. Isso n?o impediu que fosse o maior her?i do esporte nacional.

Pel? tamb?m tinha suas malandragens. Em 1963, na decis?o do t?tulo da Libertadores contra o Boca, trocou de cal??o em pleno est?dio da Bombonera, esfriando o advers?rio. E na Copa de 70, ca?ado em campo pelos uruguaios, acertou uma cotovelada num marcador de forma t?o malandra que o juiz deu falta a favor do Brasil. Foi her?i nas quatro linhas e continua malandro no mundo dos neg?cios.

H? tamb?m aquele que, em determinado momento malandro, para algumas torcidas ser? para todo o sempre her?i ? Edmundo. E os que, como Marcelinho Carioca, malandramente se escondem atr?s das coisas de Deus.

E h?, ainda, os malandros corretos que viram her?is. Vestem camisas de v?rios clubes mas, via de regra, com muita dignidade: Mois?s, Paulo C?sar Caju, Z? M?rio, Leandro ?vila, Cl?udio Ad?o...

Por fim, h? os que querem ser muito espertos, como Leandro Amaral. S? conseguem irritar os torcedores de bom senso, os verdadeiros her?is, tratados, desde que a bola ? o mundo, como tolos.

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O Tupi ? um time que faz chover. Neste campeonato, toda vez que o Galo pisa no magn?fico est?dio municipal Radialista M?rio Hel?nio chove. Deve haver a? alguma mensagem, algum sinal vindo dos c?us. E provavelmente ? coisa boa. Em Macondo choveu durante quatro anos, onze meses e dois dias at? que, a despeito dos cem anos de solid?o, ?o mundo iluminou-se com um sol bobo, vermelho e ?spero como poeira de tijolo e quase t?o fresco como a ?gua?.

Apesar do empate de domingo, faltam oito jogos e 55 dias para o Tupi ser campe?o mineiro.

Ailton Alves ? jornalista e cronista esportivo
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