"Todo mundo tem algum tipo de limita??o" Franco Groia superou limites f?sicos e sociais

Renata Solano
*Colabora??o
29/10/07

Nascido com um problema neurol?gico cong?nito, Franco Groia (foto ao lado) sempre conviveu com a "neuropatia". Come?ou a andar com quatro anos de idade, mas ainda beb? fazia tratamento com fisioterapia.

Segundo Franco, o diagn?stico nunca foi preciso, sempre houve opini?es acerca da doen?a e tratamentos indevidos, mas que n?o lhe causaram les?es nem a esperada e desejada cura, ou mesmo ameniza??o dos sintomas.

"Como convivo desde minha identidade como pessoa com essa defici?ncia, consigo lidar com os limites impostos por ela. Quando era crian?a e n?o podia brincar de pique, fazia outras coisas para me divertir. Nunca deixei a doen?a me transformar em uma pessoa c?moda, pelo contr?rio, sempre me impulsionei atrav?s dela", conta Groia.

Com a postura de sempre procurar caminhos alternativos para seu desenvolvimento e satisfa??o, Franco estuda muito sobre seus direitos e deveres. Politizado, busca pleitear condi?es melhores para sua cidadania e desenvolvimento pessoal e profissional.

Desde os dois anos e meio de idade Groia morou no Rio de Janeiro, mas em 1987 voltou para Juiz de Fora com a finalidade de estudar e se preparar para o vestibular. "Sempre quis fazer alguma coisa relacionada ao cinema, mas aquela era a ?poca Collor, quando a produ??o dos filmes brasileiros eram tenebrosas", lembra.

foto de Franco Groia Decidiu fazer Comunica??o Social na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), mas foi reprovado no primeiro exame, quando ficou em primeiro excedente, mas n?o desistiu e no ano seguinte passou para a primeira turma. Foi nessa ?poca que desenvolveu o gosto pelo R?dio-TV.

Franco conta, tamb?m, que consegue andar, por?m possui problemas com o equil?brio, dessa forma, se locomove, na maioria das vezes atrav?s de uma cadeira de rodas. "Em casa eu ando, preciso faz?-lo, inclusive, mas uso a cadeira porque n?o me adaptei ao uso de muletas e porque gasto muita energia quando fico de p?, assim facilita e me sinto mais confort?vel", explica.

Para ele, a falta de informa??o e esclarecimento ? o que leva as pessoas com defici?ncia a uma apatia social e cidad?. "Sempre me informo dos direitos constitucionais e busco mudan?as atrav?s das solicita?es e melhoria nos servi?os p?blicos. Inclusive, me candidatei a vereador em 2004 com o intuito de promover a inclus?o social e cultural", relembra Franco.

Segundo Groia, a maior dificuldade para pessoas com defici?ncia ? o deslocamento, abrangendo o espa?o p?blico e o transporte, que nem sempre ? adaptado. Mas conta que em um conselho municipal, certa vez, ouviu que s? haveria investimento em infra-estrutura adaptada aos deficientes caso recebessem demanda e, a partir da?, se conscientizou e procura sempre fazer valer essa voz e essa demanda.

Experi?ncia

Hoje, bacharel em Comunica??o Social e respeitado professor de produ??o do curso audiovisual e cineasta na cidade, Franco Groia relembra que na ?poca do vestibular se deparou com, segundo ele, a "obrigatoriedade burra".

"N?o passou na minha cabe?a, quando tinha 17 anos que eu precisava me alistar no ex?rcito. Quase dois anos depois, quando fui prestar vestibular me deparei com a situa??o de ter que apresentar a licen?a e s? nesse momento fui correr atr?s disso. Trata-se de um dever escrito na Constitui??o Federal, mas que ? incab?vel, para mim por exemplo", fala Groia.

foto de Franco Groia A outra curiosidade que a defici?ncia causou, foi a quest?o da acessibilidade em si. Franco, em abril de 2004, processou quatro bancos por causa da falta de inclus?o digital com o auto atendimento. "Eles oferecem o acesso f?sico como se tivessem cumprido todas as obriga?es, mas n?o proporcionam o acesso ao servi?o" argumenta.

Segundo Franco, o maior desejo ? que todo mundo enxergue a realidade do outro, para ser implementada uma pol?tica de respeito m?tuo. Franco conta, ainda, que existem estabelecimentos em Juiz de Fora adaptados para receber o p?blico com defici?ncia, como shoppings e cinemas, por exemplo.

Exemplo

"Nunca houve um dia sequer em que vi o Franco triste ou mau-humorado, ele ? um exemplo de alegria que eu tenho", conta o atendente da produtora, Cassius Fran?a.

Felicidade proveniente de trabalho, apoio da fam?lia e busca em lidar com a dificuldade da melhor forma poss?vel, al?m da procura em transpor sempre as barreiras encontradas. "Limita??o todo mundo tem, seja visual, auditiva, f?sica ou at? mesmo intelectual, o mais importante ? saber lidar com isso e procurar se desenvolver de outras formas", alerta Groia.

Forma??o e projetos

Formado em 1998 em Comunica??o Social na UFJF Franco tem se despontado como cineasta em Juiz de Fora. Professor de Cinema em uma faculdade do munic?pio, Groia ? tamb?m, propriet?rio de uma produtora de v?deo.

Produzido pela equipe de Franco, o filme "Lanterna M?gica", do diretor e roteirista, Alexandre Alvarenga foi aprovado pela lei federal de incentivo ? cultura, conhecida tamb?m por Lei Rouanet.

*Renata Solano ? estudante de Comunica??o Social da UFJF



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