mat?ria em audio

Superando Limites Dia Nacional de Luta da Pessoa com Defici?ncia
discute a inser??o da classe no mercado de trabalho

Renata Cristina
Rep?rter
20/09/2006
Dudu Pouca coisa mudou na vida dos portadores de defici?ncia, desde 1991, com a edi??o da Lei Federal 8.213, que determina que as empresas com mais de cem funcion?rios reservem de 2% a 5% de suas vagas para deficientes f?sicos. O cen?rio atual revela desinteresse por parte da iniciativa privada e despreparo desses cidad?os para enfrentar o mercado.

As raz?es para esse despreparo s?o muitas, entre elas falta de estrutura nas institui?es de ensino, tanto em aspectos ergon?micos quanto em recursos humanos. A diretora da APAE de Juiz de Fora, Isabela Maria Moraes de Castro, por exemplo, lembrou que escolas, universidades e cursos profissionalizantes ainda precisam se adequar, viabilizando melhores condi?es de educa??o e, posteriormente, trabalho para esses cidad?os.

Dados de 2005 do Governo Federal indicam que existem 24,5 milh?es de brasileiros portadores de algum tipo de defici?ncia. De acordo com Ta?s Altomar, chefe do Departamento da Pessoa Portadora de Defici?ncia da Prefeitura de Juiz de Fora, 14,5 da popula??o local ? deficiente. O fato alerta as autoridades para a promo??o de pol?ticas de inser??o desses indiv?duos em fun?es remuneradas.

Segundo Ta?s est? em fase de reformula??o o projeto na Prefeitura que faz o cadastramento dessas pessoas para o trabalho. "Haver? o cruzamento de dados entre candidatos e empresas", explica. Atualmente, cerca de 800 portadores de defici?ncia comp?em essa lista e aguardam por uma vaga na cidade. "Com a informatiza??o do setor viabilizada nessa administra??o, pretendemos planejar formas de qualifica??o e ingresso no mercado", salienta.

Barreiras
As funcion?rias da APAE A desinforma??o das fam?lias e a falta de recursos fazem com que o processo se torne ainda mais ?rduo. A assistente social, Aparecida Honorato Lucindo, da Associa??o de Pais e Amigos dos Excepcionais - JF (APAE), explica que alguns familiares ainda n?o conseguem preparar os deficientes para o mercado de trabalho. "Em muitos casos, ? criada uma rela??o de depend?ncia com a fam?lia e a crian?a n?o desenvolve suas habilidades", comenta.

Outros fatores como o analfabetismo ou o baixo grau de escolaridade s?o barreiras na hora da contrata??o. Se por um lado a lei garante o direito do deficiente de trabalhar regularmente, por outro, h? uma s?rie de exig?ncias por parte do empregador, que n?o s?o atendidas por todos os perfis de defici?ncia. "Algumas empresas determinam uma carga hor?ria pesada para essas pessoas", ressalta a assistente social.

A diretora da escola APAE - JF tamb?m destacou a import?ncia da fam?lia no processo de inser??o no mercado. "A primeira via de prepara??o ? a fam?lia. Os pais podem cobrar responsabilidades de seus filhos, educando para o futuro", orienta. Segundo a diretora, a imposi??o de limites ? fundamental para se atingir a independ?ncia na idade adulta.

Vit?rias
Neide Para quem duvida da capacidade das pessoas portadoras de defici?ncia, vale buscar exemplos de refer?ncia mundial, como Cam?es na poesia, Cervantes na literatura, Aleijadinho nas artes e Beethoven na m?sica. Se esses nomes est?o distantes da nossa realidade, h? muita gente que se mant?m com o esfor?o do pr?prio trabalho em Juiz de Fora. Este ? o caso da jardineira, Neide Aparecida de Oliveira (foto ao lado).

H? alguns anos, Neide perdeu os pais e teve que trabalhar para o seu sustento. Um curso de jardinagem abriu espa?o para sua atua??o em resid?ncias e empresas, como a Mercedes Benz. "Gosto do que fa?o e n?o posso parar de trabalhar", diz. Atualmente, ela cuida de canteiros na Casa do Pequeno Jardineiro e n?o deixa de demonstrar seu amor pelas rosas. "Elas s?o as minhas preferidas", alegra-se.


Gleidson ? jardineiro Dudu ? office boy e comemora a conquista do primeiro emprego


Assim como Neide, Gleidson Ferreira Rocha (foto acima ? esquerda), portador de atraso no desenvolvimento neuropsicomotor, trabalha com jardinagem, na Belgo/Arcelor. Sua carga hor?ria ? de quatro horas di?rias, de segunda a sexta. O jardineiro confessa que est? muito feliz com a sua atua??o. "Sou at? amigo do chefe", brinca.

Com 43 anos, Jos? Eduardo de Freitas (foto acima ? direita) comemora a conquista do primeiro emprego. Portador de S?ndrome de Down, Dudu, como ? conhecido pelos colegas de trabalho, separa correspond?ncias e as entrega em seus devidos departamentos. Apesar da preocupa??o de sua fam?lia com a fala, j? que ele tem dificuldade ao se comunicar, a barreira foi vencida. "Estou muito feliz, adorando", revela.