Segunda-feira, 18 de maio de 2009, atualizada às 17h27

Blitz educativa marca o Dia Nacional da Luta contra o abuso sexual de crianças e adolescentes em JF

Clecius Campos
Repórter

Para comemorar o Dia Nacional da Luta Contra o Abuso e a Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, o Centro de Referência Especializado de Assistência Social Infância e Juventude (Creas-IJ), da Prefeitura de Juiz de Fora, promoveu blitze educativas no Centro da cidade e na Zona Norte, nesta segunda-feira, 18 de maio.

De acordo com a coordenadora do Creas-IJ Centro, Fabiana Crispim, 15 profissionais participaram da ação. A ideia é divulgar o disque-denúncia e alertar a população sobre a necessidade de um acompanhamento especial a crianças e a adolescentes que sofrem abuso sexual. "É importante que a sociedade saiba da existência do serviço. A criança que sofre abuso sexual passa por um atendimento qualificado, que dá a ela e à família um suporte psicossocial e jurídico."

O Creas-IJ atende a 78 vítimas em Juiz de Fora e a maioria delas veio através do disque-denúncia (0800 283 7991). O serviço recebe uma média de 12 chamadas por dia. Normalmente, os vizinhos percebem alguma coisa errada e fazem a ligação. No entanto, Fabiana afirma que nem todas as denúncias têm dados suficientes para que seja aberto um inquérito. "Quem liga não precisa se identificar, mas o ideal é que dê o nome da rua, o número da casa e, de preferência, o nome do possível agressor."

Segundo Fabiana, a maioria das denúncias partem de comunidades carentes. Ela afirma, entretanto, que casos de abuso sexual estão longe de ocorrer apenas em famílias pobres. "Nas classes mais populares, os vizinhos têm acesso à casa e à vida dos demais. Na classe média, as famílias se expõem menos, dificultando as denúncias."

De acordo com Fabiana, metade dos casos de abuso sexual de menores em Juiz de Fora são intrafamiliares, ou seja, praticados dentro de casa, por alguém da família. "Quando isso acontece no próprio lar, a intervenção do CREAS precisa ser mais intensa."

Rede de proteção

Segundo Fabiana, o atendimento psicossocial ocorre nas unidades Centro e Norte do CREAS. Abrange, além de tratamento psicológico especializado, a inserção da criança numa rede de proteção, onde a vítima tem acesso a atividades como a prática de esportes e cursos profissionalizantes. "Conforme o desejo e a aptidão de cada pessoa, ela é encaminhada a realizar atividades em unidades da própria instituição pública ou em empresas privadas, com as quais temos parcerias."

Durante o atendimento psicológico, é oferecida à criança a oportunidade de se expressar sobre o abuso que sofreu, através de conversas, desenhos ou brincadeiras. "É um trabalho inicial, para que a criança tenha consciência de que teve um direito violado. O processo terapêutico é realizado na rede pública de atendimento."

As famílias também recebem apoio psicológico e jurídico. É feito um trabalho com os responsáveis pela criança, com encontros quinzenais em grupo e visitação. "São dadas ainda orientações jurídicas com a finalidade de informar as famílias sobre os melhores meios de encaminhar os processos para responsabilização do agressor."

Os textos são revisados por Madalena Fernandes