Victor Bitarello Victor Bitarello 22/01/2014

E as portas se abrem para "Frozen"!

fronzenO abrir e o fechar de portas é o símbolo usado por "Frozen" para pontuar os momentos chave de sua história. Quem sabe, até mesmo, falar sobre todas as histórias, todas as nossas histórias. "Uma porta se abriu", ou "uma porta se fechou", são expressões que comumente são usadas para falar sobre oportunidades que aparecem, ou que se perdem. "Frozen" nos chama à reflexão sobre esses sentidos, ou seja, refletir sobre portas que se abrem e se fecham ao longo da história, e que, por vezes, ou até mesmo em todas as vezes, dizer se esses movimentos são "bons" ou "ruins" dependerá do momento da vida em que nos encontramos, do nosso grau de maturidade, de nossas vivências, nossas experiências. Refletir sobre coisas que tanto queremos que aconteçam, coisas essas que não temos como ter certeza se serão ou não boas. Portas que se abrem e se fecham significarão aquilo que NÓS fizermos significar. Somos nós que diremos o que essas portas representarão, na medida de nossas aptidões para lidar com elas.

"Frozen" nos conta a história de duas irmãs, princesas do reino de Arendelle: Anna e Elsa. Uma, comum; a outra, diferente. Diferente de todos, diferente de tudo. Ao primeiro abrir de portas, essas irmãs são separadas pela diferença. Criadas na solidão, uma na solidão da clausura, a outra na solidão da saudade. Quando o tempo passa e a princesa mais velha é chamada a assumir seu reinado, sua diferença, escondida com tanto esforço, é exposta, e ela se vê na difícil opção da escolha entre viver como diferente ou fugir. A fuga acarreta no congelamento de toda Arendelle. Anna, preocupada com a irmã, preocupada com o reino, decide ir ao seu encontro, acreditando fortemente que tudo seria mudado se Elsa usasse seus poderes. E assim se dá o desenrolar do filme, com um final surpreendente e maravilhoso.

O congelamento de Arendelle nos mostra o quanto é prejudicial a fuga. O quanto o não enfrentamento de uma situação que nos faz diferentes pode "congelar" não somente nossa vida, mas também a de quem viva ao nosso redor. A fuga nos tira e tira o direito de viver de verdade e na verdade. A fuga não mostra a verdade, nem a esconde. A congela.

E no decorrer daquela história, como não se apaixonar pela princesa Anna? Como não se apaixonar por sua ingenuidade que a faz tão humana, tão escancaradamente bela? Anna é uma adolescente, é uma heroína, que opta por ajudar o que é diferente sem se conformar com o conforto da maioria.

"Frozen" é um filme que nos fala de amor, do amor. Não o amor dos antigos desenhos de Disney, mas o amor pleno, o amor denso, o que realmente é amor. Durante anos, Disney nos mostrou um amor baseado somente na beleza e no "status". Amor era um príncipe encantado, bonito e rico, que não tinha defeitos, e nem passaria a ter, porque esse príncipe nunca era mostrado após o "final". Com "Frozen", Disney inicia a correção de seu prolongado erro, apresentando uma princesa ativa, viva, e, ao mesmo tempo, apresentando o amor real, possível, "palpável" (inclusive, em uma de suas passagens, a crítica aos seus próprios trabalhos é um dos melhores momentos do filme, através do personagem Kristoff).

Um filme de personagens adoráveis (preparem-se para derreterem-se pelo boneco de neve "Olaf"), "Frozen" é um excelente trabalho de animação, vencedor do prêmio de melhor filme de animação no Globo de Ouro 2014 – e futuro vencedor do próximo Oscar de Animação longa metragem, aguardem! Um filme absolutamente LINDO, com um roteiro emocionante. Todos os furos de roteiro que se encontra são plenamente justificáveis em se tratando de uma animação voltada para o público infantil.

Cabe a cada um decidir, quando as portas se abrirem para a oportunidade de assisti-lo, se irão ou não. Tomara que se decidam por ir!


Victor Bitarello é bacharel em Direito pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), pós-graduado em Direito Penal e Processual Penal pela Universidade Candido Mendes (UCAM). Ator amador há 15 anos e estudioso de cinema e teatro. Servidor público do Estado de Minas Gerais, também já tendo atuado como professor de inglês por um período de 8 meses na Associação Cultural Brasil Estados Unidos - ACBEU, em Juiz de Fora. Pós graduando em Direito Processual Civil.

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