BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O conselheiro da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) Moisés Moreira informou, nesta sexta-feira (12), que há chances de novos atrasos na implantação do 5G nas demais 15 capitais.

O 5G já funciona em São Paulo (SP), Brasília (DF), Belo Horizonte (MG), Porto Alegre (RS) e João Pessoa (PB). Na próxima terça-feira (16), o sinal deve ser liberado em Curitiba (PR), Goiânia (GO) e Salvador (BA). Na semana seguinte, o Rio de Janeiro também deve entrar nessa lista.

Diante das dificuldades de implantação dos sistemas nas demais capitais, Moreira, que preside o Gaispi (Grupo de Acompanhamento da Implantação das Soluções para os Problemas de Interferência, o comitê do 5G), pedirá, na próxima semana, autorização do conselho diretor da Anatel para ter autonomia em possíveis adiamentos nessas cidades.

São elas: Recife (PE), Fortaleza (CE), Natal (RN), Aracaju (SE), Maceió (AL), Teresina (PI), São Luís (MA), Campo Grande (MS), Cuiabá (MT), Porto Velho (RO), Rio Branco (AC), Macapá (AP), Boa Vista (RR), Manaus (AM) e Belém (PA).

O pedido, segundo Moreira, vai prever aval para adiamentos de até dois meses, o que jogará o prazo máximo de implantação do 5G nas 27 capitais para o final de novembro. Pelo plano original, todas deveriam ter o serviço implantado no final de julho.

"Isso não significa, no entanto, que essas cidades não consigam entrar no 5G antes desse prazo", disse Moreira à reportagem. "Isso vai depender do trabalho das empresas em cada cidade. Está havendo falta de filtros e isso compromete o andamento."

Segundo o conselheiro, sem esse aval prévio, haveria o risco das operadoras começarem a operação nessas cidades sem ter mitigado os riscos de interferência. As teles precisam concluir o processo de "limpeza" da faixa de 3,5 GHz, frequência escolhida para o 5G.

Frequências são avenidas no ar por onde as teles fazem trafegar seus sinais. Fora delas ocorrem interferências.

Radiodifusores e empresas de satélite operavam na frequência que passou a ser destinada ao 5G --faixa de 3,5 GHz (Gigahertz).

Com a desocupação da faixa de 3,5 GHz, as teles têm de instalar filtros nas antenas de celular e nas antenas parabólicas, equipamentos que captavam os sinais emitidos nessa frequência e que, a partir de agora, funcionarão em outra faixa. Esse processo vem sendo chamado pelos técnicos da agência de "limpeza".

Ainda segundo Moreira, Vitória (ES), Florianópolis (SC) e Palmas (TO) devem ser as próximas a obter aval para a telefonia de quinta geração devido ao avanço da instalação de filtros.

Na semana passada, o Rio de Janeiro teve o 5G suspenso após relatório da área técnica da Anatel mostrar a impossibilidade de instalação de filtros para evitar interferências. Por isso, o Gaispi deu mais tempo para as empresas.

Embora o trabalho no Rio de Janeiro esteja adiantado, há emissoras de TV, como a Globo e a Record, com estúdios e equipamentos pesados na cidade, que exigiram mais atenção para evitar interferências. A Claro também tem um edifício que opera satélites.

Para a liberação do sinal pela Anatel, as empresas precisam se submeter a testes feitos pelos técnicos da agência que, após esse procedimento, enviam um relatório ao Gaispi.

Caso os resultados sejam positivos, Moreira convoca uma reunião do Gaispi, que dá aval para o início da operação comercial. No dia seguinte, a Anatel emite boletos para que as empresas paguem taxas e o serviço passa a ser prestado no dia seguinte.

Com aval prévio, o Gaispi passa a ter autonomia para decidir sobre a data de implantação em todas as capitais.

O cronograma do 5G sofreu atrasos devido à falta de equipamentos vindos da China, que decretou lockdown por causa de uma nova onda da pandemia.

Os equipamentos vindos da China são filtros que evitam interferências. Por isso, num primeiro momento, a agência concedeu prazo até o final de setembro para que todas as capitais tenham antenas de 5G. Agora, o prazo máximo será no final de novembro.

A meta definida pela Anatel para as empresas é de uma antena de 5G a cada cem mil habitantes por operadora.


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