SÃO JOSÉ DO RIO PRETO, SP (FOLHAPRESS) - O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta segunda-feira (12) que o Brasil vive um momento de alta inflacionária que pode se intensificar ainda mais em 2023.
Segundo Campos Neto, as medidas adotadas pelo governo nos últimos meses ?como a redução nos impostos e ampliação de programas sociais? ajudaram a segurar a escalada inflacionária, mas essas ações não devem manter o mesmo efeito para 2023 e 2024.
"A gente precisa entender como é que essas medidas vão se dissipar, é difícil modelar isso. É como se você tivesse as medidas do governo pressionando a inflação para baixo, mas os componentes dos anos subsequentes são mais fortes do que a inércia que gera da queda do próprio ano corrente," disse Campos Neto em evento promovido pelo Instituto Millenium.
O presidente do BC afirma que, além da inflação mundial, a crise hídrica e o encarecimento nos custos de produção dos alimentos foram mais intensos no país, o que contribuiu para uma alta geral nos preços de bens e serviços. ?No entanto, ele afirma ver espaço para melhora nos preços.
PREOCUPAÇÃO COM SITUAÇÃO FISCAL
Campos Neto disse estar preocupado com a situação fiscal do país para o próximo ano, diante da possibilidade de o governo dar continuidade a medidas anunciadas recentemente. No mês passado, o governo lançou um pacote de benefícios ao custo de R$ 41,25 bilhões.
Entre as medidas adotadas pelo governo de Jair Bolsonaro (PL) está a ampliação do Auxílio Brasil ?que passou a ter parcela mínima de R$ 600 entre agosto e dezembro, e a criação dos benefícios Auxílio Caminhoneiro e Auxílio Taxista, com previsão de serem pagos até dezembro de 2022.
Tiveram algumas medidas grandes recentes, não vou entrar no mérito se é necessário ou não, mas existe uma ansiedade de como essas medidas serão financiadas se forem estendidas para o ano que vem", disse. "Não existe nada mais permanente do que um programa temporário do governo", afirmou.
Segundo o presidente do Banco Central, não é dele a responsabilidade de explicar os efeitos das medidas do governo na situação fiscal do país, mas o mercado está ansioso para saber se haverá uma compensação fiscal.
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