SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Para o sócio sênior e presidente do conselho de administração do BTG Pactual, André Esteves, independentemente de quem sair vitorioso nas eleições brasileiras no final do ano, o mercado brasileiro deve passar por um rally de preços ?termo utilizado no mercado para se referir a um período de forte alta das ações na Bolsa e de valorização do real, com queda dos juros.

Ele avalia que os preços dos ativos brasileiros estão em níveis bastante baratos na comparação com os pares internacionais, e que, passada a incerteza sobre as eleições, os investidores passarão a ter uma visão e uma abordagem mais construtiva sobre o mercado local.

"Essas nossas eleições são parte da nossa evolução institucional. O processo eleitoral era carregado de maniqueísmo, o bem contra o mal, e o mercado apresentava enorme volatilidade. [Desta vez] o mercado está apresentando a menor volatilidade em um processo eleitoral desde a redemocratização", afirmou Esteves, durante evento promovido pelo BTG Pactual nesta quinta-feira (18), em São Paulo.

Segundo o executivo do banco, pelas interlocuções que têm mantido com pares de mercado, ninguém acredita em algum tipo de "confusão econômica no Brasil quem quer que ganhe as eleições", o que contribui para o menor nível de volatilidade no mercado nos últimos 30 anos. "Essa certeza está trazendo essa não volatilidade, que permite se planejar com prazos mais longos", disse Esteves.

Ainda de acordo com a avaliação do banqueiro, a despeito da disputa bastante polarizada das eleições, o perfil da sociedade brasileira de um modo geral é mais voltada ao centro, seja uma centro-esquerda ou uma centro-direita, do que aos extremos de qualquer um dos campos ideológicos.

Os extremos fazem mais barulho e recebem maior atenção da mídia, mas têm um peso menor do que podem parecer à primeira vista, afirmou Esteves.

"Não vejo nenhum estrangeiro preocupado se tivermos uma transição de poder daqui 60 dias", disse o sócio e fundador do BTG Pactual, que afirmou ainda estar "muito tranquilo" com a força das instituições brasileiras. "Nenhum plano de investimento está sendo cancelado, nem vai ser cancelado."

BC dos EUA segue atrasado no combate à inflação e mercado vive um conto de fadas, diz Esteves Sobre o cenário global, André Esteves afirmou que, embora o Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos) esteja com o processo de aperto monetário em curso, ele segue atrasado no combate à inflação na região, que roda nos maiores patamares em 40 anos.

O sócio do BTG disse ainda que o comportamento geral dos investidores globais aponta para um mercado talvez mais otimista do que deveria estar com o cenário à frente, com uma aparente expectativa de que o Fed não terá de subir tanto os juros e conseguirá conduzir a economia americana a uma desaceleração apenas moderada.

"Me parece que [o mercado] está muito conto de fadas. [A economia americana] vai ter que passar por um aperto nas condições financeiras para de fato trazer a inflação para a meta de 2%", afirmou Esteves. "O Fed tem enorme credibilidade, mas vai precisar de algum sacrifício. Não vai dar para curar a doença sem tomar nenhum remédio."

O banqueiro afirmou ainda que, se os mercados emergentes de forma geral não tiveram resgates maciços por parte dos investidores estrangeiros com o início da normalização das políticas monetárias nos países desenvolvidos, isso ocorreu porque o capital de risco, que antes buscava essas regiões em busca de um crescimento acelerado, migrou nos últimos anos para os negócios de tecnologia nos Estados Unidos.

Não por outro motivo, acrescentou Esteves, que a Nasdaq, em que se concentra as ações de tecnologia, afundou quase 30% no primeiro semestre, com a fuga do capital de risco que antes estava investida nos emergentes. "O mercado de tecnologia americano é o novo mercado emergente", afirmou.


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