BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - A Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) abriu procedimentos internos para verificar se Vivo, Claro e Tim estão cumprindo suas obrigações na instalação das redes 5G.

A informação foi dada pelo conselheiro Moisés Moreira, que preside o Gaispi (Grupo de Acompanhamento da Implantação das Soluções para os Problemas de Interferência, o comitê do 5G), nesta quinta-feira (18).

A agência mudou, nesta quinta, o prazo máximo para que o serviço seja implementado nas 27 capitais. A nova data agora é 28 de outubro.

Até lá, no entanto, Moreira afirmou que a agência nada pode fazer para punir as empresas pela qualidade do novo serviço, que vem se mostrando instável nas 12 capitais onde já existe operação comercial.

Nessas cidades, o conselheiro afirmou que a Anatel passará a exigir metas de qualidade no 5G a partir de 1º de outubro.

Nas demais capitais, onde o serviço tem prazo máximo até o final de outubro para ser prestado, os níveis de qualidade passarão a ser exigência a partir de 29 de outubro.

"Até onde sei, nenhuma empresa está vendendo pacotes de 5G ou operando com chips de quinta geração", disse Moreira.

O Superintendente de Outorgas da Anatel, Vinicius Caram, afirmou que, embora as redes de 5G tenham as duas tecnologias ?standalone (o chamado 5G puro) e não standalone? as empresas estão migrando os clientes com os chips 4G devido à falta de chips 5G no mercado. O resultado é que esses clientes usam a rede não standalone.

Na agência, há uma discussão jurídica sobre a forma de se exigir das empresas qualidade no 5G nessa fase de implantação.

Uma ala da agência avalia que, sem a venda de chips específicos de quinta geração, não é possível exigir o cumprimento dos níveis prometidos pela tecnologia.

O serviço no padrão standalone entrega velocidades até dez vezes superiores às do 4G e tempo de resposta com "servidores" (latência) inferior a um milissegundo.

Na rede não standalone, a latência não atinge esse nível e, nas capitais onde o serviço já foi implantado, o sinal é instável, segundo reclamações de usuários à agência.

Outro grupo avalia que é possível exigir a qualidade prometida desde que os planos divulgados ?ainda que sejam de migração para as novas redes? anunciem tudo aquilo que é típico do 5G.

No entanto, segundo Moreira, essa discussão só será levada adiante no início de outubro, quando todas as capitais deverão ter as novas redes em funcionamento.

As teles não estão vendendo chips 5G porque há escassez desses insumos no mercado. Eles são produzidos basicamente na China, que teve de fechar suas fronteiras no início do ano devido a uma nova onda do coronavírus.

O país também é o principal fornecedor de filtros a serem instalados nas antenas de quinta geração para evitar interferências com satélites e antenas parabólicas.

Esses equipamentos funcionavam na frequência que hoje está sendo utilizada pelo 5G.

Frequência é uma avenida no ar por onde as operadoras fazem trafegar seus sinais. Fora delas ocorrem interferências.

Com o lockdown na China, o cronograma inicial de instalação do 5G sofreu atrasos. Por isso, o Gaispi (Grupo de Acompanhamento da Implantação das Soluções para os Problemas de Interferência, o comitê do 5G), encaminhou ao conselho diretor da Anatel autorização para ter autonomia em possíveis adiamentos nessas cidades. O prazo máximo previsto agora é de até dois meses e vence no final de setembro.

O 5G já funciona em São Paulo (SP), Brasília (DF), Belo Horizonte (MG), Porto Alegre (RS) e João Pessoa (PB). Nesta terça-feira (16), o sinal foi liberado em Curitiba (PR), Goiânia (GO) e Salvador (BA). Rio de Janeiro, Florianópolis, Vitória e Palmas recebem o 5G a próxima segunda-feira (22) após liberação da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) nesta quinta (18).


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