SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A avaliação que os eleitores brasileiros fazem do desempenho da economia melhorou no último mês, e a população ficou mais otimista com o futuro do país e sua situação financeira pessoal, revela pesquisa feita pelo Datafolha nesta semana.
Segundo o instituto, 48% acham que a situação econômica do país vai melhorar nos próximos meses, 28% preveem que ela ficará igual e 18% esperam piora. Pesquisa anterior, realizada em junho, apontou 33% otimistas e 34% pessimistas.
A parcela dos eleitores que aposta em melhora da sua situação financeira pessoal nos próximos meses aumentou de 47% para 58% desde junho, e o bloco dos pessimistas caiu de 15% para 8%. Outros 31% acham que sua situação ficará igual.
O Datafolha entrevistou 5.744 eleitores em 281 cidades entre terça (16) e quinta-feira (18). A margem de erro do estudo é de dois pontos porcentuais, para mais ou para menos. A pesquisa foi contratada pelo jornal Folha de S.Paulo e pela TV Globo.
As taxas que indicam avaliação positiva do desempenho da economia e otimismo com o futuro são as mais altas apuradas desde 2019, primeiro ano do governo Jair Bolsonaro (PL), que está em campanha para se reeleger em outubro.
As expectativas se deterioraram muito nos dois anos da pandemia de Covid-19, quando medidas necessárias para conter a transmissão da doença paralisaram diversas atividades e causaram estagnação econômica e aumento do desemprego.
O avanço da vacinação e o fim das restrições fizeram o otimismo voltar no fim de 2021, mas as incertezas causadas pela guerra na Ucrânia e pela alta da inflação insuflaram nova onda de pessimismo no começo deste ano, que agora parece superada.
A taxa dos que acham que a situação econômica do país piorou nos últimos meses caiu de 67% para 54% entre junho e agosto. A parcela que faz avaliação positiva do desempenho da economia aumentou de 15% para 25% no mesmo período.
Os entrevistados que apontaram melhora na sua situação financeira pessoal nos últimos meses passaram de 20% para 26%, de acordo com o Datafolha. Outros 42% disseram que sua condição atual é pior. Em junho, 47% pensavam assim.
O movimento acompanha a evolução recente de dois indicadores chave para avaliar o bem-estar da população. Medidas tomadas para baixar os preços dos combustíveis fizeram a inflação ceder, e a recuperação da economia fez o desemprego cair.
O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Ampliado) acumulou variação de 10,07% no período de 12 meses encerrado em julho. A alta dos preços desacelera desde abril, e o índice apontou uma queda de 0,68% no mês passado.
A pesquisa mais recente do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia de Estatística) mostra que a taxa de desemprego foi de 9,3% no trimestre encerrado em junho, menor patamar observado pelos pesquisadores nesse período desde 2015.
Apesar da queda do desemprego, a renda média dos trabalhadores, que caiu durante a pandemia, continua estagnada. E os preços dos alimentos, que pesam no bolso dos mais pobres, continuam subindo mais do que os de outros produtos.
Além disso, tudo indica que a recuperação da atividade econômica ocorrida nos últimos meses terá fôlego curto. As projeções compiladas pelo Banco Central apontam um crescimento de 2% do PIB (Produto Interno Bruto) neste ano, e de 0,4% no próximo.
Segundo o Datafolha, o otimismo com a economia é menor entre os mais pobres, com renda familiar inferior a dois salários mínimos (R$ 2.424) por mês, e maior na classe média, entre os que ganham de dois a cinco salários mínimos (R$ 6.060).
As expectativas também são melhores entre os que têm trabalho. A parcela dos otimistas com a situação econômica do país aumentou de 31% para 49% entre assalariados com carteira assinada e de 31% para 41% entre desempregados.
De acordo com a pesquisa do Datafolha, a avaliação positiva do desempenho da economia e o otimismo com o futuro são maiores entre os homens do que entre as mulheres, entre os evangélicos e entre apoiadores de Bolsonaro.
Com a economia no topo das preocupações do eleitorado, o presidente tomou nos últimos meses medidas para conter a alta dos preços dos combustíveis, aumentar o valor do Auxílio Brasil e criar novos benefícios para os mais pobres.
Os pagamentos começaram a ser efetuados neste mês, mas ainda não parecem ter gerado os dividendos políticos esperados por Bolsonaro na tentativa de alcançar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), líder da corrida presidencial.
A pesquisa mais recente do Datafolha mostra que o presidente conseguiu reduzir a distância que o separa do petista no último mês, mas ainda está longe dele. Segundo o instituto, Lula tem 47% das intenções de voto e Bolsonaro está com 32%.
O levantamento indica que os pagamentos do Auxílio Brasil influem pouco nas expectativas econômicas. Entre os beneficiários do programa, 53% acham que a economia vai melhorar. Entre os que não recebem a ajuda, 47% pensam da mesma forma.
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