SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Preocupações com a inflação e a desaceleração econômica em diversas partes do globo provocaram perdas nos mercados de ações e desvalorização das principais moedas frente ao dólar nesta segunda-feira (22).
Na Bolsa de Valores brasileira, o índice Ibovespa recuou 0,89%, a 110.500 pontos. O pessimismo doméstico refletiu o ambiente no exterior. Em Nova York, o indicador parâmetro da Bolsa, o S&P 500, perdeu 2,14%.
Bolsas europeias também caíram, com destaque para os tombos de 2,32%, de Frankfurt, e de 1,80%, de Paris.
O foco do mercado segue na política monetária dos Estados Unidos, com a crescente expectativa de uma nova elevação agressiva dos juros para o enfrentamento da inflação histórica no país.
Na agenda desta semana, o principal evento para as finanças globais será o pronunciamento, na sexta-feira (26), do presidente do Fed (Federal Reserve, o banco central americano), Jerome Powell.
Ele participará da conferência anual de bancos centrais em Jackson Hole, no Wyoming (EUA). O simpósio costuma dar as diretrizes da política monetária mundial.
Caso Powell faça um discurso abertamente favorável a um rigoroso aperto ao crédito, os mercados de ações e até mesmo a renda fixa de países emergentes podem sofrer perdas devido à migração de investidores para o Tesouro dos Estados Unidos.
EURO VOLTA A VALER MENOS DO QUE O DÓLAR
Não foi somente o rumo da política monetária americana que gerou o mau humor desta segunda-feira.
Na Europa, a crise do gás derrubou o euro novamente abaixo da paridade ante ao dólar. A moeda comum europeia terminou o dia valendo US$ 0,99.
O real, porém, resistiu à valorização mundial do dólar. A moeda americana terminou o dia com leve queda de 0,07%, cotada a R$ 5,1640.
Já a moeda europeia sofreu forte depreciação contra a divisa brasileira. O euro comercial à vista caiu 1,07%, a R$ 5,1342.
Os preços do gás natural dispararam na Europa, estimulados por preocupações de que o fechamento planejado, para manutenção, do gasoduto Nord Stream pela Rússia impedirá o continente de acumular suprimentos suficientes de combustível antes do inverno, segundo o The Wall Street Journal.
Na China, o banco central do país cortou a taxa básica de empréstimo e reduziu a referência para hipotecas, na tentativa de reanimar a economia após a crise imobiliária e a pandemia.
Estudo do Goldman Sachs mostra que o real é a moeda mais sensível a quedas nas expectativas para o crescimento econômico chinês e nos preços das commodities.
A moeda brasileira está ainda entre as mais vulneráveis à queda do euro para 0,95 dólar e um cenário de Fed duro no combate à inflação, reportou a Reuters.
Desde a semana passada investidores estão reavaliando suas apostas de que a inflação mundial e, principalmente, nos Estados Unidos, poderia ter atingido o seu pico.
Essa sensação enfraqueceu a esperança de parte do mercado de que o Fed poderia em breve diminuir a velocidade de elevação da sua taxa de juros.
A expectativa de juros mais altos atrai investimentos para os títulos do Tesouro dos Estados Unidos e, consequentemente, valoriza a moeda do país, ao mesmo tempo em que prejudica o desempenho dos mercados de ações.
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