SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Os dados do mercado imobiliário no primeiro semestre indicam tendência de estabilidade neste ano, porém registraram queda no número de vendas residenciais.
Pesquisa da Cbic (Câmara Brasileira da Indústria da Construção) com o Senai Nacional e a Brain Inteligência Estratégica mostra recuo de 5,5% nas vendas no último trimestre em comparação com o mesmo período de 2021.
A demanda, no entanto, não esfriou. O que tem afastado os compradores dos estandes de venda é o preço dos imóveis, puxados pelos custos da construção acima da inflação no país, e que devem seguir em alta pelos próximos meses.
Para fechar vendas, construtoras e incorporadoras oferecem de cashback a pagamento com criptomoedas e aluguel antes da compra.
A Even tem parceria com a startup aMora para oferecer um novo jeito de comprar a casa própria. O cliente escolhe o imóvel que deseja, a startup faz a aquisição e o aluga por 36 meses. Parte do valor pago mensalmente à aMora servirá como uma poupança para o consumidor na futura compra do imóvel.
"É mais uma forma de facilitar o pagamento e pode ser uma opção para profissionais liberais e autônomos, que precisam de mais tempo para formar caixa antes de entrar em um financiamento", afirma Marcelo Dzik, diretor de incorporação da Even.
Rafael Tellechea Cerqueira, um dos fundadores da aMora, conta que a ideia veio de uma experiência pessoal ruim durante a compra de uma casa.
"Pensei em um novo jeito de comprar, uma forma intermediária. Enquanto aluga o imóvel, o cliente pode fazer melhorias que vão ficar para ele ou serão recuperadas na hora de vender", afirma.
Outro atrativo da Even é o pagamento por criptomoedas. Em parceria com a Mercado Bitcoin, a empresa aceita dois tipos de criptoativo.
A Vitacon também entrou na tokenização e segue outro conceito cada vez mais popular, o cashback.
Proprietários de alguns dos imóveis da construtora recebem uma carteira digital na Exchange, da Insignia, onde mensalmente é depositado um valor referente à parte das vendas do minimercado que fica no empreendimento. Esse cashback servirá para o abatimento parcial ou integral da taxa de condomínio.
A plataforma digital Apê11, adquirida pelo Santander em 2021, aceita o imóvel usado como parte do pagamento de um novo e idealiza um sistema digital para compradores e vendedores se encontrem, como em aplicativos de relacionamentos.
"Há segurança jurídica para esse tipo de negócio. É uma alternativa para quem tem pressa", diz Leonardo Azevedo, CEO da Apê11.
Fazemos um laudo com auditoria independente e o comprador escolhe se quer dar como crédito para a entrada no financiamento. Se comprar outro imóvel dentro de seis meses, ele tem ainda o benefício tributário, afirma.
O executivo se refere à ampliação de isenção no Imposto de Renda autorizada recentemente pela Receita Federal. Pela nova regra, quem quita um financiamento em até seis meses da venda do primeiro imóvel fica isento do tributo cobrado pelo lucro.
Segundo Azevedo, dar a casa como parte do pagamento na compra de uma nova pode se tornar tão comum quanto dar o carro na entrada do financiamento de outro.
Há muito espaço aberto no mercado para alternativas que facilitem a aquisição de imóveis, diz.
A Lello voltou a oferecer cashback de R$ 10 mil para quem comprar casa ou apartamento na capital paulista ou no Grande ABC até o dia 31 de agosto. O valor é o dobro do oferecido em iniciativa similar da imobiliária em 2020.
Ficamos atentos ao desejo do consumidor o tempo todo. Nesta campanha, selecionamos alguns imóveis. Quando fecha o negócio, o comprador recebe de volta, em dinheiro na sua conta corrente, o valor, afirma Pedro Venturini, diretor de marketing da Lello Imóveis.
Segundo o diretor, o valor do cashback é descontado da comissão de venda do corretor.
A próxima campanha da Lello, prevista para setembro, será em parceria com a Arquiteto de Bolso. Para quem fechar a compra ou locação de um imóvel, a imobiliária vai conceder, gratuitamente, consultoria com arquitetos e especialistas em design de interiores para transformar o imóvel.
A Resale, outlet de imóveis que atua na venda de propriedades que retornam ao mercado após leilões, também aderiu à moda da comercialização com cashback.
A empresa permite que o consumidor tenha até R$ 136 mil de volta ao comprar um imóvel pelo site da proptech.
Hoje, segundo a Resale, são 145 imóveis participando desse modelo de negócio, com ativos estimados entre R$7,3 mil e R$7,2 milhões.
O principal público é o investidor. Outros 30% são os compradores em busca da segunda propriedade. O modelo deixa os imóveis cada vez mais atrativos, afirma Marcelo Prata, da Resale.
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