BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Luis Roberto Barroso e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), defenderam nesta terça-feira (6) a necessidade de uma fonte de recursos para viabilizar a lei que estabeleceu remuneração mínima para enfermeiros e auxiliares e técnicos de enfermagem.

Os dois se reuniram por cerca de uma hora no gabinete de Barroso, que é relator no Supremo da ação suspendeu a lei. O encontro foi fechado.

Em nota divulgada após a reunião, o Supremo informou que ambos buscam viabilizar uma solução para a implementação do piso nacional da enfermagem após a decisão do ministro.

Os dois defendem a importância da necessidade do piso, mas "concordaram com a necessidade de uma fonte de recursos perene para viabilizar os salários num patamar mínimo".

"Três pontos foram colocados como possibilidades: a correção da tabela do SUS; a desoneração da folha de pagamentos do setor; e a compensação da dívida dos estados com a União", diz a nota.

Os dois se comprometeram a prosseguir os trabalhos em busca de consenso. A decisão de Barroso será analisada em sessão do plenário virtual do STF que se inicia na próxima sexta-feira (9).

O julgamento virtual, em uma plataforma na qual os ministros depositam seus votos, vai durar uma semana e poderá ser interrompido caso algum integrante do Supremo peça para analisar a causa no plenário físico.

Também pode ser interrompido no caso do pedido de vista de algum ministro, que paralisaria o tema.

Barroso suspendeu no último domingo (4) o piso salarial nacional da enfermagem.

O magistrado determinou a suspensão "até que seja esclarecido" o impacto financeiro da medida para estados e municípios e para os hospitais.

A norma fixou o salário mínimo de R$ 4.750 para os enfermeiros. Técnicos em enfermagem devem receber 70% desse valor, e auxiliares de enfermagem e parteiros, 50%.

Barroso deu 60 dias para que os entes da federação, entidades do setor e os ministérios do Trabalho e da Saúde se manifestem sobre a capacidade para que o piso seja cumprido. "A medida cautelar se manterá vigente até que a questão seja reapreciada à luz dos esclarecimentos prestados", decidiu.

A lei foi aprovada pelo Congresso após grande pressão da categoria. O presidente Jair Bolsonaro (PL) sancionou a legislação, que agora está suspensa, em 4 de agosto.

A decisão foi dada em ação apresentada pela Confederação Nacional de Saúde, Hospitais e Estabelecimentos e Serviços. O ministro afirmou que a entidade apresentou "alegações plausíveis" de possíveis "demissões em massa" com a nova lei.

"Embora ainda não haja dados oficiais sobre as demissões no setor, tendo em vista que a lei sequer completou seu primeiro mês de vigência, as entidades representativas do setor são unânimes em afirmar que a dispensa de funcionários será necessária para o equacionamento dos custos", afirmou.

Segundo o magistrado, "a previsão parece guardar coerência com o impacto estimado pela Câmara dos Deputados para o setor privado hospitalar, que é de R$ 10,5 bilhões, considerando as entidades com e sem fins lucrativo".

Além disso, ele também citou possível "prejuízo à manutenção da oferta de leitos e demais serviços hospitalares, inclusive no SUS (Sistema Único de Saúde)."


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