SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O dólar abriu em queda frente ao real nesta sexta-feira (9), acompanhando movimento visto nos mercados internacionais e com investidores digerindo dados de inflação domésticos que vieram em linha com o esperado.
O IBGE informou que o IPCA caiu 0,36% em agosto, acumulando alta de 8,73% em 12 meses. A expectativa de analistas era de queda de 0,39% no mês e de alta de 8,72% em 12 meses.
Às 9h11 (de Brasília), o dólar à vista recuava 0,38%, a R$ 5,1870 na venda.
Na B3, às 9h11 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,62%, a R$ 5,2145.
Nesta quinta-feira (8), o mercado pesou mais um aumento de juros em uma das principais economias do planeta. O BCE (Banco Central Europeu) anunciou uma alta de 0,75 ponto percentual em sua taxa de juros na tentativa de conter a inflação na região. Esse foi o segundo ajuste consecutivo, após a alta de 0,50 ponto em julho, elevando a taxa para 1,25% ao ano. É o nível mais alto desde 2011.
A inflação acumulada em 12 meses até agosto na região é de 9,1%, muito acima da meta de 2% ao ano.
Nos mercados de ações, o efeito esperado desse aperto monetário é redução de liquidez. Na prática, investidores ficam com menos recursos para aplicar em ativos arriscados, como ações de empresas.
Embora a decisão do BCE tenha provocado quedas nas Bolsas nas primeiras horas do dia, os mercados assimilaram o golpe no decorrer da tarde.
A Bolsa de Frankfurt terminou o dia com ligeira queda de 0,09%. Paris e Londres fecharam com ganhos idênticos, de 0,33%.
Na esteira da decisão do BCE, a moeda comum europeia subiu 0,29% em relação ao dólar, quase retomando a paridade com a divisa americana.
A libra esterlina também subiu ligeiramente, 0,17%, após ter renovado na véspera o menor patamar frente ao dólar desde 1985.
No câmbio brasileiro, o euro teve valorização de 0,34%, cotado a R$ 5,2062.
Reforçando a expectativa de investidores internacionais sobre um período de forte contração monetária, o presidente do Fed (Federal Reserve, o banco central americano), Jerome Powell, disse que os Estados Unidos devem continuar a agir energicamente para reduzir a demanda e conter a pressão sobre os preços para evitar um pico de inflação como o observado nas décadas de 1970 e 1980.
"Precisamos agir agora diretamente, energicamente, como temos feito e devemos continuar a fazê-lo até que o trabalho seja concluído para evitar [...] os custos sociais altíssimos", disse Powell, em uma referência às medidas consideradas extremas adotadas por Paul Volcker, presidente do Fed na época.
Apesar das oscilações provocadas por BCE e Fed, o índice de referência da Bolsa de Nova York, o S&P 500, subiu 0,66%. Os indicadores Dow Jones e Nasdaq avançaram 0,61% e 0,60%, respectivamente.
No mercado internacional de petróleo, o preço do barril do Brent avançava 0,57% no encerramento da tarde, cotado a US$ 88,50 (R$ 461,51). O valor da matéria-prima se recuperava apenas parcialmente do tombo de 5,20% na véspera.
O preço da commodity foi severamente impactado por dados da balança comercial da China significativamente abaixo das previsões. O país sofreu com o impacto negativo do aumento da inflação para a demanda no exterior, ao mesmo tempo em que voltou a conviver com novas restrições por causa da Covid-19 e com ondas de calor que interromperam a produção.
As importações de petróleo pela China caíram 9,4% em agosto em relação ao ano anterior, com a extensão das restrições de mobilidade por causa da pandemia reduzindo a demanda por combustível. O gigante asiático é o maior consumidor global de petróleo.
MERCADO IGNORA 7 DE SETEMBRO DE BOLSONARO
O cenário no mercado financeiro neste pós-feriado de 7 de Setembro é bem diferente em relação ao ano anterior, quando atos promovidos pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus apoiadores derrubaram ações e a moeda brasileira.
O índice Ibovespa avançou 0,14%, aos 109.915 pontos. O dólar comercial caiu 0,61%, cotado a R$ 5,2070 na venda.
"Bolsonaro falou apenas para a clientela dele", comentou o economista Roberto Macedo, diretor acadêmico da Faculdade do Comércio de SP, sobre o desempenho da Bolsa brasileira nesta quinta. "O risco fiscal das medidas que ele [Bolsonaro] vem adotando, como a ampliação do Auxílio Brasil, já estava precificado no câmbio e na Bolsa", afirmou.
Antes de os indicadores confirmarem que o 7 de Setembro passou ao largo do mercado, empresários já tinham relatado à Folha de S.Paulo que não ficaram surpresos com as manifestações bolsonaristas.
As finanças do país também passaram por um dia de ajustes em relação ao pregão de terça-feira (6), quando o dólar subiu 1,72% e o Ibovespa recuou 2,17% na esteira de sinalizações do BC (Banco Central) de que a taxa de juros pode permanecer em patamar mais elevado por um período acima do previsto pelos investidores.
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